Os caminhoneiros manifestaram, esta tarde, que não devem suspender por algumas horas, esta noite, o tráfego nas BRs 163, 364 e 070 em Mato Grosso para liberar tráfego de centenas de carretas carregadas com combustível, grãos, comida, gás, roupas, móveis, materiais para construção e centenas de outros produtos. A Polícia Rodoviária Federal tenta intermediar a desobstrução da pista por algumas horas mas a categoria mantém a decisão de permanecer bloqueada, sem intervalos – o último foi no domingo. Ontem e hoje o bloqueio é geral, sem previsão de liberação até que o governo federal e multinacionais do agronegócio se posicionem sobre redução do diesel e preço melhor para fretes, respectivamente. Em Primavera do Leste, os dois pontos foram liberados, por volta das 20h, e devem ser bloqueados novamente nesta quarta-feira, a partir das 5h.
O Sindipetróleo (Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis de Mato Grosso), informou, no início da tarde, que estão ocorrendo "atrasos pontuais na entrega" das cargas para abastecer os postos em várias cidades, devido os bloqueios nas BR-163-364. "Também já falta produtos nas bases de distribuição localizadas em Cuiabá", confirma.
No levantamento do sindicato, bases distribuidoras sediadas em Sinop confirmam que está faltando óleo diesel e de etanol anidro para mistura na gasolina. Proprietários de postos em Alta Floresta, por exemplo, temem que o estoque de óleo diesel acabe amanhã. “Meu caminhão carrega 35 mil litros. Fui buscar etanol, gasolina e diesel, mas só havia gasolina. Meu caminhão está aguardando, mas não há previsão para o carregamento”, relatou a diretora de um posto em Alta Floresta.
Em Lucas do Rio Verde, o empresário Vilson Kirst, pioneiro no setor de combustíveis e ex-presidente da associação comercial, informou que “no posto há estoque para mais dois dias. Na TRR (base distribuição no atacado), já era para ter acabado, mas ai invés de entregar a quantidade desejada pelos meus clientes, oferecia um volume menor para conseguir atender a todos. Desta forma, eu me preparei. Mas no posto já é difícil fazer racionamento”, informa.
Em Sinop, de 5 postos consultados por Só Notícias, 3 estão sem diesel e álcool. São 20 postos na cidade que tem frota de 96 mil veículos. Desde cedo há grandes filas em alguns postos. Há relatos que alguns teriam aumentado preço da gasolina que estaria sendo vendido até R$ 4. O Procon recebeu informações de consumidores que alguns postos estariam vendendo a R$ 4 chegando a R$ 4,80.
Em Sorriso, alguns postos também começaram ficar sem diesel, gasolina e etanol para revender. Grandes filas se formaram em vários deles, com clientes temendo ficarem sem combustível.
Dezenas de carretas carregadas com diesel, gasolina e etanol estão nas longas filas dos bloqueios nas rodovias 163 e 364, além de estarem paradas nas rodovias em São Paulo (refinarias), onde o protesto ganhou força. O sindicato estima que, pela BR-163 são transportados aproximadamente 80% dos produtos comercializados nos postos de Mato Grosso "Os caminhões demoram até três dias para sair de São Paulo e chegar ao estado e já existem muitos veículos numa fila de espera para carregamento", aponta o Sindiperóleo.
Ontem e hoje (até o meio dia) não houve intervalo nos manifestos para os que estão carregados seguirem viagem. Na 364, o bloqueio é em Rondonópolis. Em Cuiabá tem outro na 163/364. Na região de Diamantino, tem dois bloqueios e os manifestantes também só liberam carros e ônibus passarem. A situação se repete em Nova Mutum, Lucas do Rio Verde, Sorriso e Sinop (entrocamento com a MT-220).
Os caminhoneiros e donos de transportadoras endureceram o manifesto nos últimos dias para pressionar o governo a baixar o preço dos combustíveis e, no Mato Grosso, fazer com que algumas tradings do agronegócio paguem valores mínimos do frete. A nível nacional também é reivindicado maior prazo para pagamento de financiamentos de caminhões/carretas e redução nas tarifas de pedágio.
Em Mato Grosso a categoria conseguiu um pequeno avanço com o governo que foi congelar a pauta fiscal. Com isso, deixam de ser repassados 5% para a base de cálculo do ICMS, o que na prática, evita ser repassado para o consumidor final.
O bloqueio prossegue em 6 Estados. Esta tarde, caminhoneiros trancaram acesso ao porto de Santos (SP), um dos principais que escoa a safra de Mato Grosso, carne e demais produtos, bem como de outros Estados.
No Rio Grande do Sul, foi expedida ordem judicial para serem desbloqueadas 3 rodovias – BRs 293, 116 e 392,
(Atualizada às 22:06hs fotos:Só Notícias/Luiz Ornaghi)