Na assembléia geral que contou a presença de 143 terminou neste momento em Cuiabá, os bancários decidiram por maioria pela finalização da greve que durou seis dias em Mato Grosso. Com isso, a greve da categoria chega ao fim em Cuiabá antes de completar uma semana.
Desde quinta-feira, dia 5 de outubro, os bancários de todo o país estavam em greve geral reivindicando aumento real de 7,05% mais a inflação no período; Participação nos Lucros e Resultados (PLR) de 5% do lucro líquido linear para todos, mais um salário bruto acrescido de R$ 1.500; saúde e condições de trabalho; fim do assédio moral e das metas abusivas; isonomia para todos, dentre outros itens.
Durante todos esses dias, mais de 190 mil bancários paralisaram o atendimento em milhares de agências bancárias distribuídas pelo Brasil. Em Mato Grosso, os bancários também contribuíram para que esses números fortalecessem o movimento em nível nacional. As manifestações começaram em Cuiabá e Várzea Grande, as duas maiores cidades do Estado, mas aos poucos foi conquistando a adesão dos bancários no interior, principalmente das cidades de Sinop, que participou do movimento desde o primeiro dia do movimento, Tangará da Serra e Cáceres.
Na segunda-feira, quinto dia de manifestações, os bancários conseguiram ampliar ainda mais o movimento, paralisando 55 agências. Enquanto isso, em todo o país, os bancários também mantinham seus propósitos e seguiam firmes na luta pela conquista de suas reivindicações. Nesta terça-feira, quinto dia de greve, os bancários de Cuiabá e Várzea Grande paralisaram o atendimento em 48 agências bancárias, já que além das agências do Itaú e do Bradesco, as do HSBC também estiveram abertas diante de interdito proibitório.
“Tivemos uma greve difícil, pois lutamos o tempo todo contra a prepotência e poder do dinheiro dos banqueiros”, comenta o presidente do Sindicato dos Bancários no Estado de Mato Grosso, Eduardo Alencar. Ele relembra do primeiro dia de greve, quando gerentes do Bradesco assediaram moralmente os funcionários que estavam em frente da Agência Centro, participando da manifestação, dizendo que se não voltassem ao trabalho, seriam todo demitidos. “Foi um dos exemplos mais claros e explícitos de assédio moral que já presenciei”, relata Eduardo Alencar.
Porém, mesmo com esses transtornos, a greve não se enfraqueceu, pelo contrário, o movimento foi se fortalecendo e ganhado espaço no interior do Estado.
Frente à perseverança da categoria, a Fenaban, não viu outra saída senão convocar uma nova rodada de negociação com o Comando Nacional. Da 8ª rodada, veio a proposta de reajuste com aumento real de 3,5% no salário, bem como, em todas as verbas de natureza salarial, como no vale-refeição e em outros benefícios. Houve também melhora na proposta de PLR, que prevê a distribuição de 80% do salário, já reajustado, mais R$ 828 na parte fixa. Além disso, ainda há uma parcela adicional que será de 8% da variação nominal do lucro líquido do banco em 2006 em relação à 2005, que será distribuído linearmente para todos os funcionários que tenham teto de R$ 1500. Para os bancos que tiveram um aumento de pelo menos 15% na lucratividade fica garantido o mínimo de R$ 1.000.
Além disso, de acordo com a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban), ficou definido também, que os dias parados poderão ser compensados até 31/12. Já quanto as negociações com o Banco do Brasil houve aumento sobre a parte variável da PLR, que é de 88% para 95% do valor referência. O banco manteve os R$ 412 da parcela fixa e a distribuição linear de 4% do lucro líquido, o que daria R$ 1.814,49 para cada funcionário. O banco também garantiu que irá manter as cláusulas do Acordo Coletivo de Trabalho do ano passado.
Na Caixa Econômica Federal, os empregados conseguiram importantes avanços no Plano de Cargos Comissionados (PCC). A diretoria do banco apresentou proposta com avanços também para a Participação nos Lucros e Resultados (PLR), entre outros itens.
“Tudo o que aconteceu no país, e em especial, em Cuiabá e Várzea Grande durante esses seis dias, demonstra claramente a força que uma categoria de trabalhadores pode alcançar se estiver unida. E se há alguma conquista é porque os bancários de Mato Grosso se uniram para conseguir que fossem ouvidos”, encerra o presidente do SEEB/MT.