Quando se fala em alta dos custos da construção civil logo se pensa no preço do cimento, no caso de Mato Grosso. Contudo, pior que ele, é a situação do aço, que subiu 9,5% no mês passado, fechando 54% de aumento no ano. Esse tem sido o grande vilão da construção de forma geral. Segundo o presidente da Associação dos Comerciantes de Materiais de Construção, Wenceslau de Souza Júnior, a questão do aço é mais grave porque junto com ele sobe toda uma cadeia, como linha de ferramentas, fechadura, parafuso, dobradiça, ou seja, todos insumos da construção civil. Ele frisa ainda que os reflexos não se limitam à construção civil. “O preço do aço também vai fazer diferença no talher que você usa em casa e no carro que você for comprar”.
O presidente do Sindicato da Indústria da Construção em Mato Grosso (Sinduscon), Luiz Carlos Richter, também aponta o aço como um dos principais responsáveis pela alta no custo da construção civil. Ele frisa, no entanto, que o peso dessa alta no setor reflete mais nacionalmente. Isso porque em cada Estado há diferentes tipos de problemas. Richter destaca, por exemplo, que Rondônia e Acre também sofrem com falta de cimento, como acontece em Mato Grosso. Lá, segundo ele, é questão é um pouco pior. Mas os dois estados já estariam sendo beneficiados com a importação de cimento da Votorantim em Sergipe.
A mão-de-obra também contribui para aumentar o custo da construção civil. Como o mercado está aquecido e não há pessoas qualificadas sobrando, consequentemente os valores pagos aos profissionais vão se valorizando. Em Mato Grosso, na convenção coletiva deste ano, o reajuste ficou estabelecido em 7% a 10%, dependendo da categoria. “Mas isso é no papel. Não se consegue regular o mercado por aí. Na prática, o valor pago acaba sendo maior, por conta da grande demanda”. O presidente do Sinduscon ficou sabendo de um caso ocorrido recentemente em São Paulo, onde o dono de uma obra perdeu todos os funcionários para uma obra vizinha, que ofereceu salários maiores. Conforme ele, os investimentos continuam crescendo em Mato Grosso e a demanda por mão-de-obra deve continuar aquecida.