O aumento da renda da população, aliado à confiança que o consumidor tem hoje de assumir compromissos de médio prazo e à própria oferta de crédito, mudou o hábito de consumo de eletroeletrônicos no estado do Rio de Janeiro. É o que revela pesquisa divulgada hoje (3) pelo Sindicato do Comércio Varejista de Material Elétrico, Eletrônicos e Eletrodomésticos do Município do Rio de Janeiro (Simerj) e pela Federação do Comércio do Estado do Rio (Fecomércio-RJ). A pesquisa foi feita entre os dias 10 e 17 de novembro com 2.095 pessoas, na região metropolitana do Rio de Janeiro, incluindo os municípios da Baixada Fluminense.
O presidente do Simerj, Antonio Florêncio de Queiroz Junior, afirmou em entrevista à Agência Brasil que esses três fatores "criaram a segurança de o consumidor buscar produtos de maior tecnologia, maior valor agregado e sofisticação e, até, de maior potência, como foi o caso dos aparelhos de ar refrigerado".
A análise feita pelas duas entidades mostra, no caso das televisões, que o modelo de LCD foi líder nas intenções de compra em novembro do ano passado, apontado por 74,18% dos entrevistados, contra 61,09% em 2009. O mesmo ocorreu em relação aos aparelhos de ar condicionado, cujos modelos mais potentes concentraram a atenção dos consumidores. De acordo com a pesquisa, os aparelhos acima de 10.000 BTUs (British Thermal Unit) registravam 5,67% das intenções, em 2009 e, em 2010, esse número evoluiu para 14,67%.
Antonio Florêncio destacou também que a mudança do consumo de eletroeletrônicos foi muito flagrante no caso dos computadores. "O desktop [computador de mesa] hoje está em escala inferior ao notebook (computador portátil). A intenção de compra é maior no notebook". A maioria dos consumidores preferiu os notebooks (61,43%) em 2010. Já em 2009, os desktops estavam na frente, com 54,64% das intenções de compra.
O presidente do Simerj observou que o surgimento da nova classe média, com a ascensão das camadas sociais D e E, foi um fator que contribuiu também para essa mudança de consumo no setor. "Em termos de população economicamente ativa, eu acho que chegou ao mercado um novo Brasil". Disse que foram criadas condições de dobrar o mercado consumidor "com a ascensão dessa nova camada da população, que era alijada do poder de compra".
Florêncio acredita que esse fenômeno está acontecendo em todas as partes do país, de forma mais ou menos acentuada. "A nossa expectativa é que as conquistas obtidas em 2010 se solidifiquem e se proponham novos parâmetros de desenvolvimento para que se possa, efetivamente, sustentar esse nível de consumo e de desenvolvimento nas diversas regiões".
Para o presidente do Simerj, a busca vai ser, cada vez mais, por produtos de maior tecnologia. "O consumidor hoje se sente em condições de exigir mais dos seus fornecedores em relação aos produtos que ele quer adquirir". Essa é, segundo Florêncio, uma sinalização importante não só para o comércio, mas também para a indústria, de que o consumidor está mais consciente e exigente. "Há alguns anos, as pessoas se contentavam em poder consumir. Hoje em dia, essa realidade é diferente. O consumidor é exigente e sabe o que quer. Ele tem poder de compra para exigir produtos de qualidade e que atendam aos seus anseios", afirmou.