Setor rural mato-grossense contratou 53% a mais de crédito para custeio, investimento e comercialização da safra 2011/2012. Dados da superintendência do Banco do Brasil no Estado apontam que de julho de 2011 a março de 2012 foram emprestados R$ 2,399 bilhões, contra R$ 1,571 bilhão no mesmo período da safra anterior. O número de operações saltou de 15,236 mil para 16,607 mil, aumento de 9%. Em todo o país, segundo balanço do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), foram desembolsados R$ 77 bilhões, sendo que o segmento empresarial contratou R$ 67,8 bilhões e a agricultura familiar R$ 9,8 bilhões.
Em solo mato-grossense, agricultura empresarial abocanha a maior fatia do volume emprestado, com R$ 2,149 bilhões, o equivalente a 89,5% do total. Na comparação com o montante do ano passado, quando somou R$ 1,363 bilhão, o aumento é de 58%. Agricultura familiar contratou R$ 250,232 mil este ano, contra R$ 207,945 milhões, evolução de 20% de um ano para outro.
Para Anderson Scorsafava, gerente de Mercado Agronegócio do BB em Mato Grosso, a expansão é motivada por vários fatores, principalmente a restruturação das agências no atendimento aos produtores rurais. "Grandes agricultores são atendidos por 11 carteiras privates e para os médios e pequenos foram criadas 16 carteiras com atendimento diferenciado e mais acelerado", diz ao comentar que os produtores foram reclacificados conforme a renda bruta anual.
Como exemplo ele cita que um produtor que tinha renda bruta anual acima de R$ 1,9 milhão em 2011, que era considerado como grande, podendo financiar 70% da safra com taxa de juros de 8,75% ao ano. Com a reclassificação, essa mesma renda o coloca na categoria de pequeno produtor, com financiamento de 100% da safra e taxa de 6,75% ao ano.
No caso do agricultor familiar, Edson Anelli, gerente de Mercado da Agricultura Familiar do Banco do Brasil, diz que o setor é tratado igualitariamente ao grande produtor, com ações para promover o desenvolvimento das regiões mato-grossenses. Projeto de Desenvolvimento Regional Sustentável (DRS) ajuda pequenos produtores com o financiamento da produção. É considerado agricultor familiar quem possui renda bruta anual até R$ 110 mil, sendo que a maior parte deve ser originada pela atividade rural. Mão de obra utilizada também deve ser da família. Entre as atividades exploradas por este segmento está bovinocultura leiteira, produção de frutas, verduras e legumes, aves e ovos, ovinos e caprinos, mel e peixes.
Diana Paula Durigon, administradora da Associação Buriti Grande, que atende 40 produtores da comunidade Santo Antônio de Leverger, afirma que de julho de 2011 a março de 2012, na comunidade 8 produtores conseguiram juntos cerca de R$ 200 mil de recursos do Pronaf. Ela explica que todo financiamento para o agricultor familiar é difícil por causa da burocracia. Diz que faz projetos para os produtos, porque sozinhos eles não conseguiriam ser aprovados. "A dificuldade é com documentações e até planilhas que precisam ser feitas".