Classificado pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, como o ano da virada, 2013 foi marcado pelo início da recuperação da economia. O crescimento, no entanto, veio menor que o esperado. Apesar de se expandir em ritmo maior que em 2012, quando cresceu 1%, o Produto Interno Bruto (PIB), soma de todos os bens e serviços produzido no país, foi revisado diversas vezes para baixo este ano.
Inicialmente, o Orçamento da União para este ano previa crescimento de 4,5% do PIB. A estimativa oficial foi reduzida sucessivamente até chegar a 2,5%. O mercado projeta expansão ainda menor. Segundo o boletimFocus, levantamento semanal com instituições financeiras divulgado pelo Banco Central (BC), os analistas preveem crescimento de 2,3%.
Segundo especialistas ouvidos pela Agência Brasil, o Brasil continuou a sentir os efeitos da crise econômica internacional em 2013. No entanto, eles avaliam que o crescimento da economia este ano foi comprometido mais por fatores internos do que externos.
Economista chefe da consultoria Austin Rating, Alex Agostini diz que a desaceleração do consumo e o baixo investimento têm impedido o país de voltar a crescer com vigor. Para o analista, esse cenário se deve à perda de credibilidade da equipe econômica, que, segundo ele, ampliou as incertezas na economia ao fazer manobras nas contas públicas e permitir a alta da inflação no primeiro semestre.
“Não há dúvida. A credibilidade do governo foi perdida. A sociedade brasileira sabe fazer conta e sabe que não pode assumir o risco de investir nem de consumir em uma economia com grande risco de instabilidade”, disse. De acordo com Agostini, esse foi o principal motivo pelo qual as desonerações para estimular o consumo não surtiram o efeito esperado.
Especialista em política fiscal e setor público, o professor Francisco Lopreato, da Universidade de Campinas (Unicamp), também considera que o baixo crescimento do PIB está relacionado principalmente a fatores internos. Ele, no entanto, aponta outras causas. Para o economista, o atraso no programa de concessões e o fraco desempenho da indústria explicam o comportamento do PIB este ano.
“O consumo deu uma arrefecida, mas não capotou. A agricultura foi bem neste ano. O problema da economia foram os investimentos em infraestrutura e a indústria. O governo e o mercado passaram boa parte do ano em uma queda de braço para acertar a rentabilidade dos projetos, o que atrasou os leilões e comprometeu os investimentos em 2013”, explicou.
Em relação à indústria, Lopreato não é tão otimista. “O grande desafio da economia brasileira é o setor industrial, que andou de lado em 2013, crescendo em alguns trimestres e caindo em outros. A perda de competitividade e a concorrência com os produtos importados, principalmente os chineses, prejudicaram o setor industrial brasileiro”, avaliou.
De setembro do ano passado até setembro deste ano, a indústria cresceu 0,9% segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A Confederação Nacional da Indústria (CNI) prevê expansão para o setor de 1,4% em 2013 e de 2% em 2014. Para a entidade, questões estruturais, como a burocracia, os custos trabalhistas e a carga tributária, representam os principais entraves para a retomada da competitividade da indústria.
Para 2014, o Orçamento Geral da União prevê crescimento de 3,8% para o PIB. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, no entanto, prefere não apostar em nenhum número. Segundo ele, é necessário esperar a evolução da economia internacional, que responde por 30% do PIB brasileiro, para fazer projeções. A estimativa oficial para o próximo ano, ressaltou ele, só será divulgada com o decreto que define os limites de gastos oficiais, o que tradicionalmente ocorre em fevereiro.