O Brasil não deve sofrer problemas de abastecimento de álcool em 2007, segundo o superintendente de Abastecimento da Agência Nacional de Petróleo (ANP), Roberto Ardeghy. A avaliação dele é que, se não houver “grandes movimentos de exportação” do produto, o país terá uma sobra de álcool de aproximadamente 4,5 bilhões de litros no próximo ano.
De acordo com o Ardeghy, que participou hoje (14), em Brasília, do debate “Álcool – combustível estratégico”, na sede da Confederação Nacional do Comércio, a previsão é de que o país produza 17,1 bilhões de litros de álcool até maio do próximo ano, data que marca o início da safra 2007/2008, e consuma, entre álcool anidro (que é misturado à gasolina) e hidratado cerca de 13,5 bilhões de litros.
Andreghy garantiu que, se houver crescimento elevado das exportações, o governo tem mecanismos para intervir no mercado. “Temos medidas a serem tomadas caso venha haver problema de abastecimento, por exemplo, em restringir e monitorar as exportações, afirmou. “Se estiver havendo muitas exportação de álcool, em prejuízo ao mercado interno, o governo tem um mecanismo, já tradicional de comercio exterior, para controlar as exportações para evitar desabastecimento”.
No final do ano passado, o país enfrentou uma crise de abastecimento de álcool durante a entressafra da cana-de-açúcar, em que houve elevação considerável nos preços do produto. Na ocasião, para aumentar os estoques do álcool, o Conselho Interministerial do Açúcar e Álcool (Cima), formado por quatro ministros, decidiu reduzir o percentual obrigatório de mistura do álcool na gasolina de 25 para 20%.
Agora, com o atual crescimento dos estoques de álcool, os ministros que compõem o conselho decidiram, atendendo a pedido do setor sucro-alcooleiro, elevar de 20 para 23% o percentual de mistura do álcool na gasolina. Essa medida, de acordo com os técnicos do conselho, vai incrementar o consumo em 306,9 milhões de litros.
O superintende de Abastecimento da ANP lembrou que em 2005, o governo “consciente da necessidade de inserção dos biocombustíveis na matriz energética brasileira”, editou uma Medida Provisória, depois transformada em lei, fazendo com que a agência tratasse também dos biocombustíveis. “Hoje, temos uma ação reguladora e fiscalizadora em cima dos biocombustíveis [álcool e biodiesel], fazendo com que esse mercado também seja acompanhado pela ANP e seja tratado com todo o cuidado para o abastecimento no Brasil”.