Os preços dos alimentos deverão fechar o mês de março com alta na média de 0,05% na cidade de São Paulo, depois de terem permanecido em queda desde a terceira prévia de fevereiro, segundo estimativa da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), em torno da pesquisa do Índice de Preços ao Consumidor (IPC).
Entre os itens em alta, estão os produtos industrializados, que passaram de uma taxa negativa de -0,09% para uma alta de 0,25%, entre a segunda e a terceira prévia do mês. De acordo com o coordenador da pesquisa, o economista Antonio Comune, essa reversão reflete, principalmente, a elevação de preço do óleo de soja (2,47%) e do leite em pó (2,60%). Os alimentos in natura tiveram alta de 0,71%, um pouco menos do que na apuração passada (0,83%), com destaque para o tomate (16,38%).
O economista calcula que os preços no grupo alimentação devem atingir o dobro da taxa do IPC, em ritmo semelhante ao do ano passado, quando a inflação medida pela Fipe ficou em 6,40% e a taxa do grupo, em 12,20%. Já no começo de abril, o feijão, por exemplo, já deverá estar custando mais caro. A razão é o clima chuvoso em regiões produtoras da leguminosa, como o Rio Grande do Sul.
Outra pressão vem da carne bovina, principal componente do cálculo inflacionário. A carne bovina tem tido uma cotação de baixa desde o começo do ano diante do aumento da oferta do produto do mercado, mas já está em processo de recuperação. Só o filé-mignon teve uma desvalorização de 25%. O preço médio da carne bovina passou de uma variação negativa de -3,26% para -2,66%.
Na avaliação do economista, o recuo é um ajuste da forte alta ocorrida ao longo do ano passado, quando a carne bovina aumentaram 34%. Para ele, é pouco provável que, no acumulado do ano, os preços fiquem abaixo dessa taxa. Entre os motivos, está a possibilidade de um aumento da demanda externa.
"Isso se os Estados Unidos decidirem abrir mais o seu mercado", apontou Comune, lembrando que, durante a visita que o presidente Barack Obama fez ao país no último fim de semana, o tema fez parte da conversa entre o presidente norte-americano e a presidenta Dilma Rousseff.
A previsão da Fipe para o fechamento do IPC em março é de uma taxa igual à da terceira prévia (0,37%). Caso essa taxa venha a se confirmar, o resultado será inferior ao de fevereiro, quando o IPC havia atingido alta de 0,60%. Para o acumulado do ano, ele projeta uma taxa em torno de 5% com viés de alta.