O pagamento do 13º salário representará a injeção de R$ 64,02 bilhões na economia nacional neste ano. O cálculo é do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e foi ontem. O valor representa cerca de 2,5% do Produto Interno Bruto do país (PIB, soma das riquezas geradas no ano) e será dividido por aproximadamente 63,8 milhões pessoas, com média de R$ 919 para cada uma.
A estimativa do Dieese leva em conta abonos pagos a trabalhadores formais, inclusive os empregados domésticos com carteira de trabalho assinada, beneficiários da Previdência Social e aposentados ou pensionistas de estados e da União.
Eventuais valores pagos a trabalhadores informais ou autônomos e adiantamentos liberados antecipadamente durante o ano, como no caso dos aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), não entram na conta. Segundo o Dieese, o cálculo é feito como se todos tivessem direito a receber o 13º integral no final do ano.
“A primeira parcela do 13º deve ser paga até 20 de novembro e a segunda, até 20 de dezembro, mas existe liberdade para as empresas e o setor público, que às vezes pagam antes de novembro. Não temos como mensurar esse valor. Há uma estimativa de que 70% dos valores sejam pagos em novembro e dezembro”, disse o supervisor do Dieese em São Paulo, Silvestre de Oliveira.
Segundo Oliveira, o valor de R$ 64 bilhões não pode ser comparado com o do ano passado, já que a forma de cálculo da estimativa foi modificada, devido à inclusão de aposentados e pensionistas de estados e União no estudo deste ano. Sem a mudança utilizada, o montante deste ano seria de R$ 57,8 bilhões, um valor 9% maior que os R$ 53 bilhões do ano passado.
De acordo com estimativas do Dieese, a maioria dos beneficiados, 56% do total, são 35,8 milhões de trabalhadores registrados. Eles dividirão R$ 43,2 bilhões, 67,5% do montante total. Em média, serão R$ 1.206,08 pagos para cada.
Os cerca de 25 milhões de aposentados e pensionistas da Previdência representam 39% do total, mas receberão 21,3% do montante estimado (R$ 13,6 bilhões), com média de R$ 543,69, que só é maior que a paga aos quase 2 milhões de domésticos (R$ 462).
Os cerca de 1 milhão de aposentados da União (1,5% do total) serão os que terão, em média, o maior abono, R$ 3.745,14. O Dieese não estimou quantos aposentados de estados vão receber nem a quanto cada um tem direito.
Os estados da região sudeste ficarão com a maior parcela do montante total dos abonos devido à grande concentração de trabalhadores e aposentados (51% do valor total). Só o estado de São Paulo ficará com 31. Regiões Sul e Nordeste ficarão com 14,99% e 13,07%, respectivamente. Ao Centro-Oeste caberá 7,61% e ao Norte, 3,77%.
O Distrito Federal será a unidade da federação com o maior valor médio do abono, R$ 1.947. Já o Maranhão, com média de R$ 554, terá o menor abono médio.
Oliveira diz que o pagamento do 13º salário é um dinheiro “muito esperado pelos trabalhadores e por toda a economia, principalmente pelos comerciantes”. No entanto, não é possível estimar quanto do montante total será usado em compras de final de ano ou outras finalidades. “Uma parte dos recursos vai para o consumo; outra para quitação de dívidas; uma outra parte pode ir para investimentos, como troca de veículos; e outra para aplicações. Isso vai depender da renda de cada trabalhador”, afirma.