O curta metragem “História Sem Fim…do rio Paraguai – o Relatório”,
enfrentou um grande desafio diante do público do Cine Guararapes,
no CINE PE – Festival do Audiovisual, em Recife, concorrendo com
outros 32 curtas ao troféu Calunga. O filme matogrossense foi
apresentado no mesmo dia do grande vencedor do Festival. O longa
“Do Luto a Luta”, sobre síndrome de Down, de Evaldo Mocarzel levou
7 prêmios (melhor longa, documentário, juri popular, direção,
montagem fotografia e crítica).
Os pernambucanos foram ao delírio na exibição do curta “O Mundo é
uma Cabeça”, de Cláudio Barroso e Bidu Queiroz sobre Chico
Science e o mangue beat. Rodado há nove anos, com cenas inéditas
do principal protagonista do movimento, o filme provocou uma catarse
na platéia.
Depois do intervalo chegou a hora da apresentação feita pelos diretores
dos últimos três filmes da noite: “História Sem Fim… do rio Paraguai”,
“A Idade do Homem”, de Afonso Nunes e o longa “ Do Luto a Luta”.
Mato Grosso sobre ao palco-
Quando a apresentadora anunciou o curta mato-grossense cometeu um engano
que já vinha acontecendo desde a inscrição do filme no festival. “Como
meu atual endereço é no Rio de Janeiro, consideraram que o
documentário era carioca. Pedi para corrigirem a informação, que veio
correta no catálogo do evento. Mas, diante das aproximadamente
2.500 pessoas presentes, o filme foi apresentado, novamente, como
uma produção do Rio de Janeiro. Graças a Jota Alves e sua campanha para valorizar os símbolos matogrossenses, realizada nos anos 80, tenho uma bandeira de Mato
Grosso. Foi com ela nas mãos que subi no palco do Cine Guararapes.
Disposta a explicar para aquele mundão de gente o que era estar ali
representando Mato Grosso e mostrar o resultado do enorme esforço
que foi para todos os que colaboraram com o projeto leva-lo para aquela
imensa tela daquele cinema”, explica Valeria Del Cueto.
“Comecei lá atrás, falando da divisão do estado, na década de 70, dos
migrantes como eu que foram a maio parte da população até que se
formasse um nova geração de matogrossenses. Da importância de
darmos visibilidade à nossa identidade cultural. Preservando e valorizando
a cultura local. Falei do Pantanal, parte pulsante de nossa alma regional.
Referência e orgulho dos dois estados que o compõe. Junto a bandeira, na bancada, estendi uma faixa pantaneira e olhando suas tramas foi que consegui ordenar minhas idéias, agradecer e lembrar, através daqueles símbolos, de todos os que deveriam estar junto comigo naquele palco, participando daquele momento”, relata.
“Terminei dizendo que a alegria e a receptividade daquela platéia ao curta
sobre Chico Science e as outras produções locais (8 no total) era uma
manifestação do respeito que eles demostravam pela arte e a cultura
pernambucana e esse exemplo de amor deveria ser seguido pelo país afora”, acrescentou.
História Sem Fim… do Rio Paraguai não está na lista oficial dos vencedores
do CINE PE. Foram merecidamente premiados filmes como “Vinil Verde”,
de Kléber Mendonça Filho e “Da Janela do Meu Quarto”, de Cao Guimarães,
ambos selecionados para Cannes. Seu prêmio, foi o aplauso caloroso do
público, após a exibição. Aplausos vindos daquela que é, certamente, a maior
platéia que o filme terá no Brasil. Foi uma excelente maneira de iniciar a
carreira do curta metragem, tendo a honra de representar uma região
brasileira tão especial.
A próxima parada será no 2º Festival América do Sul, entre 21 e 28 de
maio, em Corumbá. “Lá as sensações serão muito diferentes. A Expedição
percorreu 730 km pelo Rio Paraguai, entre Cáceres e Corumbá, o que significa
que poderemos reencontrar e reunir pantaneiros que participaram do documentário.
Mas esta, será outra parte da história…”, finaliza Valeria.