Nesta época de festas, feriados e férias, multidões viajam, entopem estradas e aeroportos para depois entupir praias e serranias e lotar hotéis e restaurantes. Congestionamentos, filas, tensão em lugares que se procurou para descansar, distrair, distensionar. Como se não bastasse, sujeira, barulho, desordem, insegurança. Onde está o descanso? Onde o refúgio das tensões, dos barulhos, dos congestionamentos, da insegurança das cidades de que fugimos? Por isso, uma parte cada vez maior de brasileiros vai buscar esse santo refúgio em lugares em que, embora haja muita gente, também há segurança, organização, limpeza e silêncio. Até em Miami e Nova Iorque.
Dá pena de constatar que temos um imenso potencial turístico, assim como temos potencial para tudo. Apenas potencial. Temos um litoral interminável, a Amazônia, o Pantanal, as Cataratas do Iguaçu, as regiões serranas, belíssimos lugares como Lençóis Maranhenses, o Jalapão, Itaimbezinho, as Chapadas – enfim centenas de belíssimos sítios que parecem ter sido feitos, por milhões de anos, para atrair turistas. No entanto, nosso país recebe menos estrangeiros que o número de visitantes de um único lugar na França, a Torre Eiffel.
Se fôssemos receber o mesmo número relativo de turistas que a Espanha, seríamos destino de 250 milhões de estrangeiros por ano. Como nossas estradas e aeroportos mal suportam nossa própria população, isso seria inimaginável. Mas a Espanha, com 47 milhões de habitantes, recebe por ano 60 milhões de turistas. Com naturalidade. Nós recebemos 5 milhões – e de níveis diferentes. Há quem venha fazer turismo sexual, no litoral e há os que têm outras origens, que a gente tem o prazer de encontrar na Amazônia, no Pantanal, no Parque das Cataratas.
Nesses dias de fim-de-ano, boa parte do nosso turismo interno é para reunião de família. Nós, brasileiros, somos um povo bem nômade. Em Brasília, ainda metade da população veio de fora; uma parte do Nordeste foi para o Sul; uma parte do Sul foi para o Centro-Oeste e Norte – e aí vamos nos mesclando e sentindo saudades. Chega fim-de-ano é hora de reapertarmos os laços em torno da árvore de Natal ou do espumante do ano-novo. Por isso, aproveito para desejar a você, caro leitor, que, deixando de lado as amolações da época, possa ter um realmente Feliz Natal e que aproveite o descanso junto com sua família e entre o novo ano com todo ânimo que será necessário para enfrentá-lo.