O delegado da 4ª Delegacia de Polícia da capital do país postou na internet um desabafo. Que os jornais e a televisão em Brasília mostraram. A Polícia Civil passou dias investigando quem vendia crack na região da 4ª Delegacia, passou madrugada toda filmando um casal de traficantes vendendo a droga e depois realizou a prisão. O homem de 19 anos já havia cometido crime grave quando menor de idade. Passado esquecido, já responde a processo por crime cometido depois dos 18 anos. Prisão legal, com provas, no entanto o juiz mandou devolver-lhes a liberdade, por não integrarem organização criminosa. Ou seja, praticaram o tráfico, crime hediondo, sozinhos. Nem precisaram pagar fiança. E o Delegado, profissional da melhor reputação e professor universitário, ficou com a cara no chão. O casal já deve estar vendendo droga de novo. O Delegado tem toda razão. No final do desabafo gravado, ele deixa a frase: “Esse é o país em que você vive”.
O episódio me fez lembrar de um outro delegado, de Colíder, Mato Grosso, que prendeu três menores e três maiores numa boca-de-fumo, onde havia munição, arma de uso restrito, cocaína, maconha e craque aos quilos, e eles foram soltos em menos de 24 horas por uma juíza. Na TV o delegado desabafou: “O que a juíza disse, soltando, é que vocês podem usar arma, podem vender maconha e cocaína para as crianças na escola, podem assaltar”. E concluiu: “O crime só pode prosperar”. Esse delegado também tem toda razão.
Por toda a parte a polícia prende e a lei interpretada em favor do criminoso, solta. E no dia seguinte ele repete o crime com a confiança de que neste país o crime só pode prosperar. Agora mesmo, dos condenados que puderam passar Natal e réveillon em casa, 2.249 não voltaram aos presídios. Fuga em massa autorizada pela lei… que é mansinha para o crime. Já passou muito da hora de exigir dos nossos representantes no Legislativo leis mais fortes, em lugar dessas que são usadas contra nós e frustram a polícia.
Além disso, o governo que prega a covardia dos cidadãos, dá coragem e audácia aos bandidos. Virtualmente impediu o acesso das pessoas às armas de defesa e recomenda que ninguém reaja. Ou seja: quer que sejamos todos cordeirinhos. E avisa aos assaltantes, como sugere o delegado de Colíder: podem entrar nas casas, lá ninguém vai resistir armado nem reagir. Nos Estados Unidos, todas as casas têm armas e em 300 milhões de americanos, há 15 mil homicídios por ano. Aqui, em 200 milhões de brasileiros, há mais de 50 mil homicídios por ano. Os criminosos têm armas e liberdade. E o povo está preso dentro de suas casas, atrás de grades, cadeados e trancas. É o Brasil com criminosos de alto a baixo – os de cima roubam seu imposto; os de baixo roubam sua liberdade. “Esse é o país em que você vive.”