O mundo não vai acabar no dia 21, sexta-feira próxima, como dizem profecias baseadas nos maias. O Vaticano já negou o fim do mundo e, mais do que isso, a presidente Dilma determinou o adiamento do armagedom, segundo a colunista do Correio Braziliense, Dad Squarisi, porque "o país não está preparado para evento de tal magnitude. Precisa modernizar a infraestrutura, racionalizar a burocracia e baixar o custo Brasil." Por causa disso, a presidente teria pedido tempo ao Senhor.
A presidente está com tudo. Pesquisa do IBOPE, encomendada pela Confederação da Indústria, mostra que 78% aprovam o jeito Dilma de governar. Ou seja, não dando bola aos políticos, nem mesmo os do próprio PT. Mantendo distância sanitária dos políticos governistas, o prestígio dela não foi afetado pelo julgamento do mensalão, que condenou a cúpula petista e deputados governistas, nem atingida pela Operação Porto Seguro, de madame Rose, a do escritório da Presidência em São Paulo, em que o público não viu o dedo de Dilma, mas de seu antecessor.
Com isso, ela vai chegando à metade de seu governo. O que está pegando mesmo é Saúde e Segurança Pública. Fico pensando se nós, jornalistas, não atribuímos pesos diferentes às vidas de brasileiros em relação às vidas de estrangeiros. Temos nos ocupado muito com as notícias da Síria onde, segundo números oficiais, morreram 32 mil pessoas em 19 meses. Nesse mesmo período, no Brasil, foram assassinados 85 mil brasileiros. Agora o principal jornal da capital do país abriu duas páginas inteiras para o massacre na escola de Connecticut, com 28 mortos. E um terço de página para uma cena brasiliense de sábado à tarde em que três homens dispararam 30 tiros contra crianças que brincavam diante de uma casa. Atingiram uma menina de 3 anos, um menino e 1 e outro de 7 anos.
Nos Estados Unidos, onde as pessoas são livres para se defenderem armadas, covardes atacam crianças que não podem revidar. No país onde se pode comprar armas, há 15 mil homicídios por ano, entre uma população de 315 milhões. Aqui, onde os bandidos podem ter armas, são 54 mil mortes por ano, em 196 milhões de habitantes. Paramos tudo para noticiar um massacre de 28 americanos. No mesmo dia em que são mortos, como em todos os dias, 150 brasileiros. Não parece que estejamos preocupados com o massacre brasileiro diário. Em 30 anos de governo militar, o confronto político gerou 500 mortos e ainda nos preocupamos com isso. Mas hoje, temos 500 assassinatos em pouco mais de 3 dias. Precisaria de outra comissão da verdade para entender por que nos calamos ante nossos mortos de hoje.