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O flanelinha e o navio

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Alexandre Garcia

Domingo último, o Presidente da República foi ao cemitério, para o enterro da mãe de um ex-funcionário do seu gabinete de deputado federal. Caminhou até a sepultura com o braço sobre os ombros do filho órfão, entre as pessoas do cortejo. Três dias antes, havia ido a uma favela construída sobre um antigo lixão, a Cidade Estrutural, para retribuir a visita que recém lhe fizera, no Palácio do Planalto, a menina usada para uma fakenews, em que supostamente recusava o cumprimento do Presidente. Mais uma vez se expôs.

Essas últimas sortidas do presidente mostram que nem o cargo maior da República nem a facada do ex-PSOL Adélio Bispo mudaram o seu modo de ser Bolsonaro. Um risco para a segurança, tal como acontecia, durante a campanha, e teve resultado dramático. O sonho da oposição é que esse Bolsonaro mude, pois foi esse Bolsonaro que derrotou todos os candidatos – ao contrário do que afirmavam pesquisas. Derrotou as pesquisas e os que pensavam, com arrogância, que poderiam conduzir a cabeça do eleitor. Com as redes sociais, o eleitor se libertou.

Nesses quatro meses de governo, o que se tem visto e ouvido é que os opositores parecem estar ainda em campanha, num terceiro turno, com sede de vingança pela derrota nas urnas. O estilo aprovado nas urnas virou governo do país, mas muita gente gostaria que o setor público federal continuasse com os velhos vícios, para manter as mamatas, os cargos, os benefícios, a pregação destrutiva do país. Não aceitam a mudança e criam ficções, ainda na tentativa de convencer a opinião pública e enfraquecer o governo. Uma parte mais ingênua do governo é usada, ao dar respostas a provocações.

Um flanelinha num Centro Comercial de Brasília me abordou, outro dia, dizendo que não havia votado em Bolsonaro, e que não gosta dele, “mas agora que ele é presidente, não adianta mais chorar, porque estamos todos no mesmo barco. Não dá prá deixar o navio afundar só porque eu não gosto do capitão”. Pragmatismo do cidadão flanelinha. Reforma da Previdência, reforma das leis penais, liberdade econômica; corte de mordomias, benefícios, favores e populismos; respeito à independência de poderes, aposta na responsabilidade do Legislativo, enxugamento do estado, é o mínimo necessário para o país se recuperar de anos de corrupção, desperdício e negação da idéia de Ordem e Progresso.

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