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O feitico e os feiticeiros

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Nesses últimos 12 anos, a Petrobras esteve sob as ordens do PT. Não seria de se supor, em país sério, que uma estatal – portanto do estado brasileiro – tivesse que seguir as manhas de um partido político. Mas assim foi e o PT aproveitou-se disso – com seus aliados no governo – e recebeu farta ajuda pessoal, partidária e eleitoral. Mas fragilizou a galinha-dos-ovos-de-ouro. Hoje a Petrobras está vendendo partes de si para sobreviver. São 40 bilhões de reais em ativos – termelétrica, distribuição de gás, campos de petróleo no exterior e outros empreendimentos – que foram postos à venda. Afinal, por que a Petrobras tem que produzir fertilizantes? Fechado o propinoduto pela Polícia e a Justiça, o partido já se ressente: está demitindo e limitando despesas de viagem e até de telefone. E o que já foi símbolo de ética, hoje virou sinônimo de corrupção para o cidadão surpreendido.

Surpresa maior é a comparação entre a realidade de hoje e o que disse a Presidente da República na campanha para se reeleger. Afirmou insistentemente que a crise não existia e que a inflação estava controlada. Acusou adversários de planejarem um tarifaço de energia, de quererem aumentar os juros, e de pretenderem privatizar a Petrobrás. Ou seja, tudo o que está sendo feito agora pela presidente. Quando Marina falou em autonomia do Banco Central, a campanha de Dilma tratou de chamá-la de agente dos banqueiros. No entanto, há poucos dias o governo aderiu à idéia de Renan Calheiros de dar independência ao Banco Central. E a presidente sancionou em novembro uma lei proposta por seu governo, para criar outras bases na renegociação das dívidas de estados e municípios. Exatamente o que o governo, agora, não quer.

Foi o marketing eleitoral do vale-tudo para o partido manter o poder. A presidente e seu partido aprovaram todas as idéias mentirosas dos marqueteiros, ou, quem sabe, sugeriram também coisas do tipo “se não ganhar a Dilma, vão extinguir o Bolsa-Família”-  que, aliás, é criação de Dona Ruth, a mulher do presidente FHC. Quando a vaca tosse ao ver direitos sociais e trabalhistas serem “contingenciados”, muita gente já se pergunta se o Bolsa- Família não vai acabar indo com a vaca para o brejo. Agora que o desemprego bate à porta e a presidente tem um restinho de 12% de aprovação – tão baixa quanto a de Sarney em seu pior momento – Dilma ainda mantém o sorriso porque, afinal, emagreceu também na balança de peso corporal.

A diferença é que nunca um presidente começou o mandato já com tanta reprovação. Os feitiços semeados, confiando na ignorância e ingenuidade do eleitor, se voltam contra os feiticeiros. Assim como o PT, sem o propinoduto, fica à mercê de seu próprio ajuste fiscal, a presidente sai das mãos já gratificadas dos marqueteiros e cai nas mãos dos peemedebistas presidentes da Câmara e do Senado e fica à mercê do sucesso de seu Ministro da Fazenda, que ela foi buscar na vizinhança de Aécio. A mentira da campanha levantou o fosso que sitia a presidente e seu governo e seu partido. O feitiço do engodo encurrala os feiticeiros.

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