A corrupção é tanta que Fernando Henrique quer que seu partido suspenda a insistência por CPI e dê apoio à faxina de Dilma. A situação, neste momento, está mais ou menos assim: se Dilma insistir em faxina, a fisiologia de partidos aliados se pinta para guerra; se Dilma afrouxar a faxina e ceder, se enfraquece perante a opinião pública e perde autoridade, ficando nas mãos dos fisiológicos. Em ambos os casos, ela perde. Só não perde se ganhar apoio da oposição e da opinião das ruas. Lula só perde se na faxina for atingido por alguma vassourada. Mesmo assim é bom lembrar que o óbvio ululante do mensalão provocou no prestígio dele apenas uma marolinha passageira.
Se Dilma quiser mesmo varrer e não deixar o lixo embaixo do tapete, vai ter que sorver a sopa quente pelas beiradas. Joga pela janela o ministro e solta emendas dos deputados que esquentam as costas dele; deixa outro ministro cair de podre e ainda permite que seus correligionários escolham o substituto. E assim vai empurrando. Mas se a oposição orquestrar as notas fortes de uma CPI, vai ser ensurdecedor. Por isso, a batuta de FHC pede silêncio ao grande bico tucano. E nos fins-de-semana o governo e os partidos que estão nele, têm crises de urticária a cada número das revistas semanais, cada uma com sua denúncia hebdomadária.
Agora estão na pauta o chefe do Ministério do Turismo, onde a Controladoria Geral da União não encontrou sequer um contrato sem irregularidade. Tem até uma ponte para Barra do Corda, município maranhense onde o ministro do motel tem grande prestígio. Sem contrato correto algum, melhor seria extinguir o Ministério do turismo – afinal, tem a Embratur. O outro que está sob holofotes é o ministro das Cidades, alvo inclusive de tiros de seu próprio partido, o PP. A situação está preta para o ministro Negromonte. Quem será o próximo? Paulo Bernardo, que usou jatinho de empreiteira que conseguiu contrato mesmo considerada inidônea?
Quando a voz dos aliados estava mais forte contra o governo que a própria oposição, Dilma nos assustou, afirmando que a faxina da miséria é a que de fato deve ser feita. Parecia que jogava água fria sobre a verdadeira faxina, a da corrupção. É a corrupção a verdadeira miséria, porque é a miséria moral, que desvia os impostos que deveriam ser aplicados em educação, saúde, obras sociais, segurança, transporte. Por isso, FHC tem razão: é preciso empurrá-la com a vassoura empunhada. Mas tendo todo cuidado: o presidente da vassoura, não conseguiu governar como queria e caiu fora há exatos 40 anos.