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Mudando para pior

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Está no espaço pela última vez a nave Atlantis. Encerra uma série de 135 missões com naves da NASA. A nação mais poderosa da Terra reconhece que não pode pagar tão caro por missões com naves próprias e vai usar as russas Soyuz e particulares. Enquanto isso, aqui no Brasil, integrantes da Infraero se mobilizam para impedir a privatização parcial de aeroportos brasileiros. A Infraero tem dezenas de obras paralisadas por superfaturamento e outras irregularidades pelo Tribunal de Contas da União. Falta o dinheiro que sai pelo ralo, há aeroportos perigosíssimos para aviões com mais de 100 passageiros, como Congonhas e Santos Dumont, as taxas de embarque são o dobro de Nova Iorque e os terminais não dão conta da demanda. Mas não querem privatização. Não querem perder a boquinha e os passageiros, que os sustentam, que se danem.

Enquanto isso, o trem-bala Rio-São Paulo-Campinas patina na VALEC. Na semana passada, a China – que há 40 anos perdia feio para o Brasil em tudo – inaugurou a linha de trem-bala mais extensa do mundo, entre Pequim e Xangai. Cerca de três vezes a extensão do projetado brasileiro: 1.318 quilômetros. Que são percorridos em 4 horas e 48 minutos, a mais de 300km/h, levando 1.050 passageiros em três classes. A China também recém inaugurou uma ponte marítima de 42 km, ao custo equivalente a 57 milhões de reais o quilômetro. Aqui, o DNIT promete duplicar a ponte do Guaíba, em Porto Alegre, a 400 milhões o km… Nos últimos anos, calou-se a boca daqueles que, aqui no Brasil, alegavam que aqui tudo é difícil porque tem gente demais. A China tem sete vezes mais população. Ocorre que lá investem em educação. Aqui, educação é considerada perigo, porque o conhecimento liberta da demagogia e assusta os corruptos.

Nas estradas, o perigo vai além da estrada malfeita e superfaturada. É o indivíduo que não deveria estar atrás do volante. Falta-lhe senso de cidadania e civilidade para dirigir. Só nos últimos dias o senador Aécio Neves; o vice de Serra, deputado Índio da Costa; um delegado de polícia de Minas Gerais, o deputado e ex-jogador de futebol Romário, se recusaram a soprar no bafômetro. São pessoas públicas e servidoras do público. Mas escondem-se atrás da alegação de que não são obrigadas a produzir prova contra si. E assim confessam que dirigiam alcoolizadas. E nenhum tribunal superior deste país declara que esse princípio não vale quando estiver em jogo a vida alheia.

Para terminar bem, uma boa notícia. Valeu a mobilização em Jaraguá do Sul(SC). Os vereadores não aumentaram seu plantel. Inverteram a primeira votação e se mantiveram em 11 não subindo para 19. Afinal, quem aprendeu aritmética sabe que 1/11 vale mais que 1/19. Quando a população descobrir que é mandante dos mandatários, mudaremos para melhor. Ou não melhoramos nem nós mesmos?

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