Desde o primeiro grito de independência, por Tiradentes e seus companheiros, Minas não tem faltado ao Brasil nos momentos mais cruciais. Os inconfidentes se insurgiam contra o escorchante imposto de 20%, cobrado por Portugal. Mais recentemente, Minas integrou a Aliança Liberal que acabou com a falsa democracia da Velha República, em 1930. O General Mourão e o governador Magalhães Pinto fizeram o primeiro movimento para pôr fim ao abismo em que se afundava o Brasil há 50 anos; depois Tancredo capitaneou com maestria a chegada de uma Nova República. Agora dois candidatos das Alterosas disputam a Presidência da República num momento tão crucial para o país quanto foram os momentos históricos de seus antepassados ilustres. Estado central, Minas parece ser o que mais representa este país tão variado e hoje tão cheio de assustadoras ameaças.
Não há setor do país que não esteja no fundo do poço. Os homicídios são mais de 150 por dia; a saúde pública e a educação, um caos; transporte público primando pela ineficiência; estradas esburacadas e em mau estado; produção agrícola desamparada e com medo; inflação corroendo preços e bolsos; famílias endividadas pelo estímulo ao consumismo; eletricidade escassa e com preços a corrigir; contas públicas com rombos maquiados; comércio exterior combalido pela falta de competitividade; indústria com pouco mercado, fechando vagas de emprego; política externa submissa a interesses de tiranetes; investidores nacionais e estrangeiros com a confiança perdida; e, principalmente, uma crise moral sem precedentes, por tantos casos de corrupção, entre os aparentes e os ainda guardados sob os tapetes dos palácios e partidos.
Manifestações em grandes capitais estão lembrando a rebeldia das ruas de junho, contra o atual estado de decadência dos valores morais e da democracia. O povo começa a vociferar o Hino Nacional e agitar bandeiras, não de partido, mas do Brasil, como a mostrar que é o País que está em jogo neste segundo turno do domingo próximo. Nenhum dos 142 milhões de eleitores têm, por isso, o direito de se abster, de lavar as mãos como Pilatos. A decisão é por demais vital para o país, para se imaginar que o voto de cada um não vai fazer falta. O voto será o SIM ou o NÃO, que se apresentam para o veredito plebiscitário da urna. Entre dois mineiros.
Vai sair de Minas a pessoa ungida. Poderíamos dizer que é uma espécie de extrema-unção, tal a gravidade da decisão. Minas tem 15 milhões de eleitores, pouco mais de uma décima parte do eleitorado nacional – é o segundo estado em eleitores. O Estado não tem pois como carregar sozinho as responsabilidades pelo futuro do país. A responsabilidade é de todos. Do Rio Grande a Roraima, do Acre a Pernambuco. E Minas no centro, com o peso da honra de oferecer ao país uma mineira ou um mineiro como solução para cessar o declínio na enlameada senda abissal onde nos metemos.