PUBLICIDADE

Liberdade e passividade

PUBLICIDADE
Alexandre Garcia

O mês de abril entrou com um alerta de perigo para a democracia brasileira. Seis presidenciáveis assinaram um manifesto, que saiu nos jornais de 1º de abril. Mandetta, Ciro, Dória, Leite, Amoedo e Huck. Não constam as assinaturas de Lula, Moro e Bolsonaro. O manifesto afirma que “a democracia brasileira é ameaçada”, uma constatação tardia: há tempo que estão presos, por crime de opinião, um jornalista e um deputado federal – no que o Brasil se assemelha à Venezuela. A ameaça se torna mais consistente com o silêncio da mídia a respeito do jornalista e com a anuência do próprio legislativo a que pertence o deputado.

O manifesto adverte sobre  “submissão arbitrária do indivíduo ao estado…respeito aos direitos individuais… excesso, abuso, intimidação”. Mas, ironicamente, os dois governadores que o subscrevem, baixaram medidas que atingem direitos fundamentais do artigo 5º, cláusula pétrea da Constituição, como liberdade de locomoção, de trabalho, de reunião, de culto. A prisão do deputado infringiu a inviolabilidade do mandato prevista no art. 53 da Constituição e o asilo inviolável da casa, também do art. 5º. A censura e prisão do jornalista, feriu a liberdade de manifestação, da mesma cláusula pétrea, e as liberdades de expressão e informação, garantidas pelo art. 220.

Quando liberdades garantidas pela Constituição são feridas, a democracia é atingida. O manifesto constata que “não há liberdade sem justiça”. Aí vem a lembrança de que se anularam condenações por corrupção, resultado de julgamentos em três instâncias da Justiça. E ainda houve um julgamento por suspeição do juiz que presidiu na primeira instância os processos anulados -, com base em provas obtidas por meios ilícitos – o que é inadmissível, como está no pétreo art. 5º.
O manifesto registra que democracia é direito ao voto.

Por três vezes os legisladores criaram um comprovante que garantisse o voto digitado na urna eletrônica – por três vezes as leis foram derrubadas pela Justiça – projetos de Roberto Requião (MDB), Flávio Dino(PC do B) e Brizola Neto(PDT) e Bolsonaro(PP). O PSDB, após derrota de Aécio, constatou que a urna eletrônica não comporta auditagem. Ora, a insegurança no direito do voto também é perigo para a democracia. O manifesto não “dá o nome aos bois”, nem registra os atos que motivaram o alerta, mas alguns indícios mais evidentes estão na nossa cara. Perigo é a passividade, que rima mas não se mistura com Liberdade.

PUBLICIDADE
PUBLICIDADE
PUBLICIDADE
PUBLICIDADE
PUBLICIDADE

Mais notícias
Relacionadas

País de surpresas

No Brasil os acontecimentos conseguem andar mais rápido que...

Na nossa cara

Quem chegou ao Brasil pelo aeroporto de Guarulhos na...

Segurança federal ?

O Presidente Lula talvez tenha querido desviar as atenções...

Lições municipais

Consolidou-se no segundo turno a força do centro-direita que...
PUBLICIDADE