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Fora da realidade

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Muitos anos atrás, eu entrevistava o Professor Euríclides de Jesus Zerbini, o pioneiro do transplante de coração no Brasil. E ele declarava que o fumo e o álcool são mais prejudiciais que a cocaína e a maconha porque, como são legais e liberados, são usados por mais pessoas e provocam mais danos. Pois nesta semana, uma comissão de juristas, convidada pelo presidente do Senado, José Sarney, concluiu seu trabalho de propor um novo Código Penal, para substituir o de 1940, que já estaria desatualizado pelas mudanças por que o país passou. Uma das novidades no anteprojeto é considerar que não há crime no consumo de drogas como o crack, a cocaína, a maconha, o ecstasy.
Quer dizer, equiparam-se as drogas hoje tidas como entorpecentes, ao tabaco e à cachaça. Um maço de cigarro ou um trago de cana, seria igual a uma pedra de crack. No país em que o Ministério Público pede indenização por danos morais de 40 milhões de reais porque a polícia paulista retirou os viciados da cracolândia, isso faz sentido. Parece que enloquecemos. Em Berna, na Suíça, numa época em que era permitido o uso de drogas, eu vi jovens bem-nascidos arrastando-se pelo chão como vermes, reduzidos a nada, com as veias cheias de agulhadas com drogas. Os países que permitiram, depois voltaram atrás, porque a situação só piorou. Aqui, ainda não piorou o suficiente para se prevenir a degradação.

Quem estiver portando quantidade para cinco dias de uso, não cometeria crime, pela proposta dos juristas. O médico e deputado Osmar Terra diz que isso não passa pelo Senado nem pela Câmara. Muitos parlamentares pensam que isso abre caminho para o tráfico. De um lado, ensejando que a pessoa venda pequenas quantidades, alegando serem para consumo próprio. E de outro, aumentando o faturamento dos traficantes, pois só eles seriam os fornecedores da "droga livre", já que o comércio de entorpecentes continua proibido.

Alegam os juristas que haverá penas para o usuário que consumir drogas diante de crianças ou adolescentes. Muito bonito. Lamento que não tenham perguntado às pessoas que foram mortas por drogados, às famílias que tenham usuários a sugar toda a energia da casa, aos que vivem num inferno causado por usuários com quem convivem, se não se importam em agravar a situação, liberando a droga para uso individual. Vão continuar precisando de dinheiro para comprar e vão continuar nas mãos de traficantes. No país da hipocrisia do politicamente correto, é apenas mais um triste capítulo dos que vivem fora da realidade.

 

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