PUBLICIDADE

Derrubado por um espirro

PUBLICIDADE

O desabamento dos prédios no centro do Rio de Janeiro acende uma luz amarela de aviso para o Brasil inteiro: edifícios não são eternos. Pirâmides podem ter 4 mil anos; foram feitas com pedras empilhadas para abrigar para sempre sarcófagos dos faraós que partiram para a eternidade. Construções de concreto podem durar muito, mas precisam ser bem tratadas. No Rio, desabou o viaduto Paulo de Frontin. No rio Jacuí, ano passado, desabou uma ponte. Prédios desabam quando são mal construídos, ou o material é ruim(lembram do Palace II, na Barra da Tijuca?), ou foram construídos em locais perigosos.

Basta olhar a foto do edifício Liberdade, de 20 andares, que ruiu e derrubou dois vizinhos, para sentir que ele não foi feito – nem calculado – para sustentar tanto peso. As varandas foram fechadas com vidro, as mãos francesas foram retiradas e perdeu-se a solidez. E o endereço era invejável, pertinho da Cinelândia. Nos anos quarenta, havia o peso das máquinas de escrever, dos arquivos de aço, de muito papel. Teoricamente os computadores de hoje reduzem o peso. Mas não se previa tanta gente, inclusive tendo aulas.

Somem-se a isso mudanças nos últimos andares, que eram escalados, numa espécie de pirâmide e se tornaram maciços e mais pesados, mais reformas que retiraram paredes que, mesmo não fazendo parte da estrutura, agiam como uma colméia, que dava sustentação à sobrecarga. Abriram-se buracos num lado, para instalar janelas em escritórios e clínicas – e o resultado foi que bastaria um espirro para pôr tudo abaixo.

Uma luz amarela está acesa. Prédios malcuidados são perigosos. Nossa mania amadorística e nossa criatividade podem derrubar edifícios. Chamem os profissionais! Não se pode fazer uma reforma sem um engenheiro. Nos condomínios, a responsabilidade do síndico é pesada. Ele é o representante dos condôminos, mas também é um agente da lei, da fiscalização, da prefeitura. O que se passar com o prédio, na estrutura, na água e energia, está na esfera de suas responsabilidades.

Quando se erguia o primeiro prédio mais alto de Cachoeira do Sul – oito andares – , em meados dos anos 50, meu avô olhava as obras e me dizia: "Quando será que vai cair?" Curioso, perguntei a razão da dúvida. "É que edifícios não duram para sempre. Um dia vai cair. A questão é saber quando." O edifício Woolworth, de 57 andares, que já foi o mais alto arranha-céu do mundo, está firme e forte e ano que vem completa 100 anos, em Nova Iorque. A uma quadra dele, o monumental World Trade Center entrou em colapso com o choque de dois aviões contra o topo das torres gêmeas.

PUBLICIDADE
PUBLICIDADE
PUBLICIDADE
PUBLICIDADE
PUBLICIDADE

Mais notícias
Relacionadas

País de surpresas

No Brasil os acontecimentos conseguem andar mais rápido que...

Na nossa cara

Quem chegou ao Brasil pelo aeroporto de Guarulhos na...

Segurança federal ?

O Presidente Lula talvez tenha querido desviar as atenções...

Lições municipais

Consolidou-se no segundo turno a força do centro-direita que...
PUBLICIDADE