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Aloprados

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Em 2006, a Polícia Federal apreendeu em um hotel de São Paulo R$1.700.000,00 que seriam destinados a comprar um dossiê contra o então candidato ao governo de São Paulo, José Serra, adversário de Aluísio Mercadante. Eram tempos de impunidade e deu em nada. E ninguém foi reclamar o dinheiro apreendido. O presidente Lula, para mostrar que não tinha nada com aquilo,  chamou o grupo os petistas presos em flagrante e integrantes da campanha de Mercadante,  de bando de aloprados. Agora Mercadante reaparece, numa gravação em que tenta comprar o silêncio do senador Delcídio do Amaral, que estava preso por obstrução da Justiça. Preso porque uma gravação mostrava o senador tentando comprar o silêncio de Nestor Cerveró.

A presidente, por sua vez, nomeou Ministro da Justiça quem não poderia ser. Um integrante do Ministério Público. O art. 128 da Constituição diz que é vedado aos membros do Ministério Público exercer qualquer outra função pública. A oposição foi ao Supremo e o Supremo, que sabe ler, leu para a Presidente o que está escrito. E ela teve que deixar o homem no dilema: ou sai do Ministério Público ou sai do governo. Claro que ele escolheu cair fora do governo. Aí ela nomeou outro do Ministério Público, só que admitido antes da Constituição de 1988. Uma hipocrisia. Respeitou mais o calendário que o espírito da Constituição. E escolheu um promotor federal que visitava José Dirceu no presídio e que ajudava os envolvidos no mensalão. Como dizia Lula, coisa de aloprados.

Depois convidou um investigado pela Justiça para ser Secretário-Geral da Presidência e virar ministro. Para Lula voltar ao Palácio do Planalto e à Presidência da República, de onde nunca saiu. Para que ele tenha foro privilegiado e que o processo saia  do juiz Sérgio Moro e vá para o Supremo. O jurista Modesto Carvalhosa lembra que com isso a presidente pratica mais um crime que é motivo para impedimento: obstrução da Justiça. 

No Congresso, Renan Calheiros – tal como fez quando era Ministro da Justiça de Collor e trabalhou freneticamente contra o impeachment – agora sugere como solução para evitar o enterro do governo, embalsamá-lo em semiparlamentarismo – certamente um sistema jaboticaba, que só teria no Brasil. Como se as ruas de domingo estivessem querendo isso. Imitou Dilma, quando as ruas gritaram em junho de 2013 e ela respondeu propondo plebiscito para constituinte exclusiva.  Agora voltam a tapar os ouvidos e os olhos para os milhões de brasileiros que se manifestaram domingo contra a corrupção e seus autores, e a favor do juiz Sérgio Moro. Vale tudo para segurar-se no governo, salvando Lula e 100 mil beneficiados com cargos. Portanto, pode-se esperar ainda mais loucuras. Aloprados desesperados ficam imprevisíveis. Já vi esse filme com Collor, em 1992. Parece reprise.

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