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A via do centro

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Alexandre Garcia

Neste ano que antecede a eleição presidencial e a de governadores, na semana passada houve movimentos que adicionaram nomes ao Partido Socialista Brasileiro, indicando que há um objetivo nisso. Marcelo Freixo deixou o PSOL e entrou ontem no PSB junto com o governador Flávio Dino, que deixou o Partido Comunista do Brasil. Podem fazer o mesmo o ex-ministro e Deputado Federal Orlando Silva e a ex-candidata a vice-presidente na chapa de Haddad, Manoela d’Ávila. As mudanças teriam recebido a bênção de Lula. Estranhamente, não foram reforçar o PT.

Pode-se imaginar que ficou pesado carregar a sigla PT, depois do que a Lava-jato mostrou, com tesoureiros do partido presos e o próprio líder máximo passando um tempo na cadeia e agora livre mas não inocentado. Ficou pesado também carregar a fama de partido radical, como o PSOL e mais ainda a denominação comunista. O partido Comunista Brasileiro já havia se transformado em PPS – Partido Popular Socialista – mas até essa denominação foi descartada e hoje é Cidadania – um nome mais aceito.

O interessante é que esses movimentos são considerados em direção à centro-esquerda, como se o PSB, ou PSDB tivessem vergonha de dizer que são esquerda – e aí se abrigam na periferia do centro. Na verdade, é uma inversão do que acontecia em anos anteriores a 2018, com partidos de direita que se abrigavam em cima do muro do centro, tal como o PFL, hoje DEM e o PL, por exemplo. A direita, por anos encolhida e camuflada, agora é mais explícita que a esquerda, que hoje está com receio de assustar a maioria flutuante que decide eleições.

E o centro, o que é? Hoje tem sido chamado de terceira via, e busca a imagem de virtuoso, pacificador, e alternativa entre a esquerda e a direita, como se polarização fosse um mal. A maior democracia do mundo sempre teve dois polos: Republicanos e Democratas, e funciona. Além de tudo, as mudanças reais nos países têm sido feitas por governos de esquerda ou de direita. É raro o centro fazer mudança. O centro costuma falar em mudança, sim; mas apenas finge, para amortecer a necessidade de mudar. “Mudar para não precisar mudar.”

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