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A copa e o copo

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A menos de dois meses da abertura da Copa, o SPC(Serviço de Proteção ao Crédito) e a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas, fizeram uma pesquisa entre pequenos empresários de sete das 12 capitais que vão receber jogos. Descobriram que 63%  dos comerciantes – ou sejam dois em cada três, não pretendem aumentar o estoque, nem contratar mais funcionários e muito menos enfeitar a loja com as cores da seleção brasileira. Para eles não haverá oportunidades de venda por causa do certame de futebol. Confesso que essa mesma ausência de entusiasmo eu constato em todas as pessoas com quem me relaciono, embora isso não seja uma amostragem segura.

O que eu noto é que o copo da paciência já encheu e transborda. As pessoas, com aquele espírito das manifestações de junho, se perguntam em quanto isso vai ajudar, a não ser a FIFA. É um grande evento comercial que prioriza o futebol e desvia dinheiro que poderia estar sendo empregado em saúde, educação, estradas e em outras atividades que realmente sejam perenes e estimulem o crescimento. Ganhamos segurança, dirão alguns. Sim, segurança para a Copa, como foi para os jogos panamericanos no Rio ou a Copa das Confederações no ano passado. De lá para cá as estatísticas de sequestros, assaltos e homicídios continuam inflando.

         Mas temos os aeroportos reformados. Independentemente de Copa, nossos aeroportos estavam – e estão – defasados, atrasados, antiquados, sem acompanhar o ritmo da demanda no país sem sistema ferroviários de passageiros.  Sejam bem-vindos os aeroportos modernizados. Pena é que  a atividade econômica pode ser prejudicada com paralisações nos dias dos jogos, sem contar a suspensão de aulas nas escolas. Lembro-me da Copa de 1950, em que nada parava no Brasil. Nem mesmo os campeonatos regionais de futebol. Na final entre Brasil e Uruguai, eu estava ao lado de meu pai, que transmitia um jogo da segunda divisão, em Lajeado.

O próprio público já manda avisos. No Rio de Janeiro, o campeonato estadual deste ano teve uma média de 2.509 pagantes por partida. Enquanto isso, a reforma do Maracanã – o ícone do futebol brasileiro – orçada para 705 milhões, ficou em 1,2 bilhões de reais. Na capital do país, onde se gastaram 2 bilhões de reais para reconstruir um estádio orçado em 600 milhões, a média de pagantes no campeonato local é de 1.025 por partida. Um dos jogos chegou a ter nove pagantes – havia mais jogador em campo do que público nas arquibancadas. Nesta semana, a FIFA reabriu a venda de ingressos para a Copa – sinal de que ainda tem muita cadeira vazia. Mas como a bola já está em campo, agora é tudo fazer para conseguir tirar proveito do evento.

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