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Treinamento de monitores sobre doenças do algodoeiro começa em Sorriso

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“Os treinamentos de monitores técnicos de campo não são importantes apenas para chamar atenção para o que está acontecendo nas lavouras de algodão neste início de safra, mas para abrir os olhos do pessoal para o que poderá acontecer lá na frente”, afirma o pesquisador Rafael Galbieri, fitopatologista do Instituto Mato-grossense do Algodão (IMAmt). Ele fará a palestra de abertura dos treinamentos que serão oferecidos nos seis núcleos de produção algodoeira de Mato Grosso, a partir desta quarta-feira, pelo IMAmt e pela Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão (Ampa).

Galbieri pretende iniciar sua apresentação sobre manejo de doenças e nematoides na cultura do algodoeiro falando sobre os problemas iniciais da safra 2016/17, como fungos de solo e vetores de doenças. Em relação aos fungos causadores de tombamento e “mela”, cuja presença está diretamente ligada ao clima chuvoso, o pesquisador dirá quais são os principais e os danos que podem causar à cultura (como perda de stand e possíveis impactos na produtividade da lavoura).

Quanto aos vetores de doenças, um dos insetos-praga abordados serão os pulgões.  “Vamos falar sobre sintomas de viroses, distribuição pelo país, formas de transmissão e outros aspectos. O monitor técnico de campo tem que estar atento a muitas coisas e os treinamentos servem para lembrá-lo sobre os principais problemas, assim como sobre as melhores ferramentas de controle dos patógenos”, explica Galbieri.

Ele ainda vai falar sobre doenças que surgem numa etapa mais avançada da safra, como a ramulária, considerada a principal enfermidade da cultura do algodoeiro, e sobre outras, como mofo-branco e mancha de Corynespora (também conhecida como mancha-alvo), que não causaram maiores danos na safra passada (2015/16) em virtude do clima mais seco, mas que poderão ressurgir nesta safra com maior força pelo fato de estar chovendo mais.

A lista de problemas em potencial é imensa e outro tema que vai merecer atenção especial do fitopatologista do IMAmt são os nematoides. “Vamos orientá-los a iniciar a coleta de amostras a partir deste mês de fevereiro. O nematoide não é visível a olho nu, mas se o monitor técnico de campo estiver bem orientado e atento aos sintomas nas plantas poderá contribuir para detectar a presença desses parasitas, contribuindo para controlar o problema”, afirma Galbieri.

Praticamente todos os colaboradores do sistema produtivo adotado no cerrado mato-grossense já estão cientes dos problemas gerados por fitonematoides, considerados responsáveis por perdas de produção significativas. Vermes do solo, que precisam de água de plantas hospedeiras para se desenvolver, eles geram custos consideráveis para o seu controle (fonte: Boletim de P&D do IMAmt, número 3, Nematoides fitoparasitas do algodoeiro nos cerrados brasileiros: Biologia e medidas de controle, editores técnicos Rafael Galbieri e Jean Louis Belot).

Mas qual o percentual de perdas provocados por eles à produção algodoeira em Mato Grosso? Respostas a essa e outras perguntas poderão ser dadas por um levantamento sistemático que procurará identificar os principais fitonematoides presentes no Estado desde a safra 2011/12. Realizado pelo IMAmt, em parceria com diferentes unidades da Empresa Brasileira de Agropecuária (Embrapa) e a Associação dos Produtores de Sementes de Mato Grosso (Aprosmat), com apoio financeiro do Instituto Brasileiro do Algodão (IBA), o levantamento colheu amostras de solo de aproximadamente 2 mil talhões em fazendas de algodão do estado.

No ano passado, esse levantamento foi estendido às lavouras de algodão em Goiás, graças a uma parceria do IMAmt com a Agopa (Associação Goiana dos Produtores de Algodão). “No total, já coletamos amostras em cerca de 2.500 talhões no Cerrado da Região Centro-Oeste, o equivalente a uma área de aproximadamente 500 mil ha”, informa Galbieri.

Esse banco de dados está sendo analisado em parceria por pesquisadores da Embrapa Instrumentação Agropecuária (São Carlos – SP) e deverá gerar informações para o controle de nematoides no sistema produtivo adotado em Mato Grosso, em que o plantio de algodão e milho como segunda safra é feito após a colheita da soja. Mas antes da conclusão dessa etapa, Galbieri já tem alguns dados que servem de alerta.

“Antes de iniciarmos o levantamento, falava-se quase que exclusivamente da presença de Pratylenchus brachyurus (também conhecido como nematoide de lesões radiculares) nas lavouras de algodoeiro de Mato Grosso. Durante a realização do projeto, constatamos que o problema maior é causado por Meloidogyne incognita (também conhecido como nematoide de galha).  Percebemos também um crescimento considerável da presença de Rotylenchulus reniformis em todas regiões produtoras de algodão”, alerta.

Outro dado já identificado pelo pesquisador é a correlação entre nematoides e a física do solo. Aspectos como compactação do solo mostraram-se relevantes nas amostras recolhidas e todos esses dados estão sendo cruzados pelos pesquisadores visando prover subsídios técnicos para o manejo de nematoides e de outros fatores associados, nas condições do Cerrado brasileiro.

Programação – O treinamento para monitores de pragas do algodoeiro será iniciado nesta quarta-feira em Sorriso. Na quinta-feira, Campo Novo do Parecis receberá a equipe do IMAmt, que seguirá para Sapezal na sexta-feira.  Após uma breve pausa, a programação será retomada no dia 21, em Rondonópolis; no dia 22, a equipe do IMAmt estará em Primavera do Leste, e a rodada de treinamento será encerrada no dia 23, em Campo Verde.

O treinamento será iniciado às 7h, com a inscrição dos participantes, e será encerrado sempre às 17h com a entrega de certificados. Os interessados poderão fazer sua inscrição prévia ou buscar mais informações com os assessores técnicos regionais (ATRs). A realização desses treinamentos conta com apoio financeiro do Instituto Brasileiro do Algodão (IBA).

Em virtude das chuvas torrenciais que deixaram centenas de pessoas desabrigadas em Campo Novo do Parecis, a organização do evento solicita a doação de 1 quilo de alimento não perecível no treinamento a ser realizado no dia 16 (quinta-feira), na Câmara Municipal de Vereadores de Campo Novo do Parecis.

Fonte: Só Notícias/Agronotícias (foto: assessoria/arquivo)

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