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Tensão com navios iranianos parados em Paranaguá pode afetar exportações de Mato Grosso

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Só Notícias/Marco Stamm, de Cuiabá (foto: arquivo/assessoria)

As ameaças do Irã de cortar as importações do Brasil podem afetar diretamente a economia de Mato Grosso, que tem no país persa um dos seus principais parceiros comerciais na exportação de produtos agrícolas, sobretudo o milho. Existe uma tensão desde que o governo brasileiro – alinhado com a política de controle nuclear do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump – não permite o reabastecimento de dois navios de bandeira iraniana parados desde o começo de junho no porto de Paranaguá (PR).

Somente ontem, o STF determinou que a Petrobras abasteça os dois navios. Na terça-feira, o embaixador iraniano em Brasília, Seyed Ali Saghaeyan, disse a funcionários do governo brasileiro que poderia facilmente encontrar novos fornecedores de produtos agrícolas se o Brasil se recusar a abastecer os navios. O Brasil exporta cerca de US$ 2 bilhões por ano para o Irã, na maior parte commodities. No caso do milho, os iranianos são responsáveis por comprar um terço de todas as exportações brasileiras do produto.

Em 2018, o Irã terminou como o segundo maior parceiro comercial de Mato Grosso, comprando 7,4% dos produtos exportados pelos agricultores do estado, fechando a conta em U$ 1,2 bilhões, atrás apenas da China. Os números mostraram um crescimento de 35% em relação às comercializações de 2017.

Nos seis primeiros meses deste ano, já tem redução nas compras em relação ao mesmo período de 2018. Até agora foram comercializados U$ 440 milhões, 11% a menos. A redução derrubou o Irã para o terceiro lugar, atrás da China e da Holanda.

“Disse aos brasileiros que eles devem resolver a questão, não os iranianos. Se isso não for resolvido, talvez as autoridades em Teerã possam tomar alguma decisão porque este é um mercado livre e outros países estão disponíveis”, declarou o embaixador.

A Petrobras se recusa a abastecer os navios Bavand e Termeh, um deles carregado justamente com milho e outro chegando com insumos agrícolas, parados há mais de um mês perto do porto de Paranaguá, alegando que os dois aparecem em uma lista do Tesouro Norte-Americano que aponta pessoas, instituições e embarcações sujeitas a sanções. O Brasil teme ser alvo de retaliações do governo Trump caso forneça o combustível e a estatal afirma que outras companhias podem abastecer os islâmicos.

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