Apesar de ter 60% do território preservado e uma queda em mais de 80% no desmatamento nos últimos 10 anos, Mato Grosso precisa de apoio de investidores internacionais para concretizar a estratégia Produzir, Conservar e Incluir (PCI). A iniciativa, focada no desenvolvimento sustentável, propõe zerar o desmatamento até 2020.
Durante encontro com a comitiva da Suíça, na manhã desta terça-feira (06.06), o governador Pedro Taques frisou que os esforços na redução do desmatamento têm sido reconhecidos por representantes de alguns países, como Alemanha e Noruega, que já estão com projetos de parceria internacional em andamento. “Ainda temos muito a fazer e toda a contribuição é bem-vinda”.
Taques explicou que a meta abraçada por Mato Grosso ocorreu durante a Conferência do Clima de Paris (COP 21), em 2015, com um prazo 10 anos antes que os demais estados brasileiros em razão de um trabalho que o Estado já vem realizando. Desde 2006, o Estado evitou que mais de dois bilhões de toneladas de CO2 fossem lançados na atmosfera. “Nossa produção tem um valor agregado que nos torna muito competitivos, que é o selo ambiental, mas precisamos de ajuda”.
O secretário-executivo da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema), André Baby, explicou ao embaixador da Suíça no Brasil, André Regli, que atualmente a gestão ambiental é tema transversal entre as secretarias estaduais. Também ressaltou que tem agregado nas tomadas de decisão outros parceiros, como setor produtivo, do grande ao pequeno produtor, setor empresarial e Organizações Não-governamentais (ONGs).
“Nossa proposta é inovadora, porque além de valorizar os ativos ambientais e que equivalem às áreas de países inteiros, como Espanha, ou o estado da Califórnia (EUA), também busca realizar a inclusão social de agricultores familiares, comunidades tradicionais e povos indígenas. Queremos muito mais que acabar com o desmatamento ilegal, o objetivo é gerar mais riqueza e qualidade de vida à população”, afirmou Baby.
André Regli se mostrou animado com os números referentes ao meio ambiente e disse que a Suíça poderá contribuir com know how em política ambiental e novas tecnologias. “É um Estado realmente gigante, de muitas belezas naturais, com muito potencial, temos interesse em estreitar as relações e contribuir com o trabalho que vocês vêm fazendo. Internacionalmente, quando falamos do Brasil, não pensamos no potencial do interior”.
Licenciamento eficiente
Outro avanço destacado pelo secretário-executivo da Sema para a comitiva da Suíça é referente à redução do tempo médio de resposta no licenciamento ambiental de 272 para 163 dias em 2016, ou seja, 40% a menos que no ano de 2015. Ele frisou, porém, que a qualidade das análises foi mantida. A Secretaria também licenciou 36% a mais em 2016, em comparação com 2015. “Estamos trabalhando para que a Sema deixe de ser um órgão atrapalhador para atuar de forma colaborativa, consultiva e também fiscalizadora”.
Queda no desmatamento
Houve uma redução de 80% no desmatamento na Amazônia nos últimos 10 anos, dos quais 19% entre 2015 e 2016. A média de desmatamento, que era de 5.714 km², entre 2001 e 2010, caiu para 1.290 km² no ano passado, com variações que compreendem: 1.120 km² (2011), 757 km² (2012), 1.139 km² (2013), 1.075 km² (2014) e 1.601 km² (2015).