Os produtores rurais, em especial os sojicultores, devem adotar algumas chamadas “práticas culturais” para ajudar a atrasar o processo de resistência de pragas, plantas daninhas, insetos e fungos nas lavouras. Esta é a avaliação da pesquisadora da Embrapa Soja, Cláudia Godoy, durante palestra no 4º Simpósio Agroestratégico, realizado esta manhã, no centro de eventos Pantanal, em Cuiabá.
Ela explicou ao Só Notícias/Agronotícias que a resistência ocorre em várias áreas no Brasil e decorre de um processo de seleção natural. “Toda vez que a gente usa ferramentas químicas, que são bastante eficientes, começamos a selecionar organismos que não são sensíveis a estas ferramentas. Chega um ponto em que a gente começa a perder estas ferramentas. Observamos isso na cultura da soja, na qual há um processo muito grande de resistência, principalmente na questão da ferrugem asiática, que é uma das mais agressivas da cultura e reduz produtividade”.
Segundo a pesquisadora, algumas práticas para “atrasar” o processo de resistência são necessárias e devem ser aplicadas pelos produtores. “Reverter é difícil. O que a gente consegue é atrasar, com práticas de manejo, fazendo vazio sanitário, limitando época de semeadura, plantando cedo e utilizando materiais precoces. São medidas culturais que podem ser usadas em associação com os fungicidas”.
Cláudia destaca que falta conscientização para parte dos produtores e alerta para as consequências do uso de uma única ferramenta para controle das pragas e doenças. “Enquanto os produtores tiverem uma ferramenta, eles não vão se conscientizar de que é realmente necessário (as práticas culturais). Muitos acreditam em uma solução futura, mas estas soluções estão cada vez mais escassas. Eles precisam se conscientizar de que se perderem estas ferramentas, daqui a pouco vão ter que parar de produzir soja porque não vai ter mais controle estas doenças”.
O 4º Simpósio Agroestratégico da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja) foi realizado esta manhã, na capital mato-grossense. O evento reuniu produtores, estudantes, jornalistas, pesquisadores e representantes de diversas entidades para discutir temas relativos ao agronegócio.