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Soja: USDA, clima e dólar podem mudar movimento das vendas no Brasil

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A semana foi positiva e importante para os preços da soja formados no mercado brasileiro. Entre as praças de comercialização dos principais estados produtores, bem como nos portos, os ganhos variaram de R$ 0,50 a até R$ 3,33 por saca, segundo mostra o levantamento feito pelo economista do Notícias Agrícolas, André Bitencourt Lopes. Apesar disso, as vendas seguem lentas e se desenvolvendo em um ritmo ainda bem aquém do normal para esta época do ano.

No interior, as referências variam de R$ 50 a algo próximo de R$ 67 por saca. No disponível, os portos de Rio Grande e Paranaguá ficaram com R$ 69,50 por saca. Já as referências para junho/17 em ambos os terminais fecharam a semana com R$ 70,50 e R$ 70, respectivamente.

“Os preços melhoraram, mais ainda não estão atrativos”, diz o economista e analista de mercado Camilo Motter, da Granoeste Corretora, explicando, dessa forma, o porquê de as vendas ainda caminharem de forma bastante lenta entre os produtores brasileiros. “Há um bom volume de vendas represadas. Apesar de uma leve melhora, as venda ainda estão muito abaixo do registrado no ano passado e do ritmo normal”, completa.

Segundo um levantamento reportado pela consultoria Safras & Mercado, o nível de comercialização da safra brasileira chega a 50% até este 5 de maio. Em relação a 7 de abril, o avanço foi de apenas 4 pontos percentuais e, no mesmo período de 2016, o país já tinha 67% de sua soja vendida. A média é de 65%.

O estado mais adiantado nas vendas é Mato Grosso, com 62% da safra já comprometidos, contra 70% de 2016, nesse mesma época. E os negócios locais seguem bastante travados. Na sequência, a Bahia – 60%, Goiás – 56%, Minas Gerais – 54%, Mato Grosso do Sul e São Paulo empatados com 50%, Paraná – 38%, Rio Grande do Sul com 33% e Santa Catarina com 25%.

Segundo o presidente do Sindicato Rural de Nova Ubiratã, Albino Castilho, os preços da soja disponível na região têm variado de R$ 49 a até R$ 51 por saca, contra marcas de até R$ 75 no ano passado. “Os produtores ainda estão segurando bastante, tem pouca gente vendendo porque as contas não fecham. Nessa semana, os preços melhoraram um pouco, mas ainda está muito ruim”, diz.

Em 44 anos no ramo, o produtor rural e cerealista Dilermando Rostirolla, de Passo Fundo, no Rio Grande do Sul, diz nunca ter vivido um momento como este. “O produtor não está vendendo nada. Com menos de R$ 70 não sai negócio e os preços no disponível estão na casa de R$ 62. Balcão entre R$ 57 e R$ 58 por saca”, diz. E Rostirolla relata ainda que o cenário é semelhante na comercialização também do milho e do trigo na região.

No Oeste do Paraná, na região de Cascavel, a situação se repete, ainda segundo Camilo Motter. Os preços evoluíram de R$ 63/R$ 63,50 para algo próximo de R$ 65 por saca, contra a referência de R$ 78 no mesmo período do ano passado, quando Chicago estava em US$ 10,12 e o dólar a R$ 3,55. “Essa é uma memória ainda muito presente para o produtor”, explica.

Entretanto, o analista acredita ainda que essas oportunidades que o mercado brasileiro tem encontrado nos últimos dias devem ser aproveitadas ara fechar negócios. Para Motter, as expectativas dos produtores brasileiros estão agora em cima de dois fatores principais: as reformas do governo emprerradas no Congresso Nacional, o que poderia ajudar a puxar o dólar frente ao real – a divisa fechou a última sessão da semana com R$ 3,1750, permanecendo estável – e o clima no Meio-Oeste dos Estados Unidos.

“E tem ainda o comportamento dos fundos. Acredito que durante a evolução da safra americana eles irão manter o prêmio climático, e já estão reconstruindo suas posições”, explica. Assim, o analista vê um suporte ainda bastante firme dos preços entre US$ 9,40 e US$ 9,50 por bushel no curto prazo.

Mercado Internacional

Na Bolsa de Chicago, os vencimentos mais negociados fecharam a semana com altas variando entre 1,44% e 1,88%. Vencimentos importantes neste momento como o julho e o agosto/17 romperam o nível dos US$ 9,70 e conseguiram concluir os negócios acima disso – em US$ 9,73 -, o que também foi importante para ajudar a consolidar o balanço semanal positivo.

Ainda assim, o clima no Corn Belt segue como o protagonista do mercado de grãos na CBOT. E apesar das pontuais recentes preocupações, as condições esperadas para a próxima semana já deverão ser melhores para o desenvolvimento dos trabalhos de campo. E assim, a chegada de novas previsões ao longo das próximas semanas, como explicam analistas e consultores de mercado, deverá manter o mercado volátil e buscando definir um direcionamento.

“Os mapas climáticos para os Estados Unidos trazem um padrão mais frio nos próximos 3-4 dias,com o dia mais frio nesta próxima segunda-feira (8), variando entre -6 e -1 ºC para o sul do Cinturão Agrícola americano. Um novo sistema de tempestades se forma sobre as Planícies na próxima quarta-feira (10) e se desenvolve em direção ao Meio Oeste do país (onde a maioria da safra de milho e soja se concentra)”, informa a AgResource Brasil, em nota nesta sexta.

Ainda na próxima semana, os traders deverão estar atentos à divulgação do novo boletim mensal de oferta e demanda do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) na quarta-feira, 10 de maio. Além das primeiras projeções oficiais para a safra 2017/18, o mercado espera ainda por uma revisão dos números das vendas para exportação norte-americana, as quais já superaram em 1,5 milhão de toneladas a última projeção do departamento de 55,11 milhões de toneladas.

Para o analista de mercado Miguel Biegai, da OTCex Group, para que se confirmem os embarques de todo o volume comprometido pelos EUA até agora – mais de 56,6 milhões de toneladas – “fatalmente, o USDA vai ter que mexer no seu número de exportação, e como vai ter que revisar para cima e não vai mexer no número de produção e é pouco possível que mexa no consumo interno, os estoques podem cair, e se isso acontecer, deve dar suporte para o mercado”.

Nesse ambiente, as análises gráficas apontam uma nova resistência nos US$ 9,90, porém, não tão forte quanto a dos US$ 9,70 – quebrada esta semana. “E se rompendo esses US$ 9,90, mercado pode buscar os US$ 10”, diz. “O mercado parou de cair, as médias móveis se estabilizaram de novo, podem se cruzar e o mercado pode voltar a subir. Ele está encerrando uma tendência de baixa e iniciando uma nova, que pode ser lateral ou de alta”, explica Biegai.

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