O mercado da soja recebeu os novos números do boletim mensal de oferta e demanda do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), reagiu bem às novidades e terminou o dia do lado positivo da tabela na Bolsa de Chicago.
Os futuros da oleaginosa, dessa forma, terminaram este pregão subindo entre 5,50 e 6,50 pontos nos principais contratos, com o julho/18 valendo US$ 10,21 por bushel. Na sequência da divulgação dos dados, as altas chegaram a superar os 10 pontos.
Como explicou o diretor da Cerealpar e consultor do Kordin Grain Terminal, de Malta, Steve Cachia, a reação positiva das cotações se deu, principalmente, diante das estimativas para a nova safra norte-americana.
O USDA apontou uma colheita de 116,48 milhões de toneladas para a temporada 2018/19, com os estoques finais estimados em 11,29 milhões. No ciclo anterior, esses números são de, respectivamente, 119,53 milhões e 14,42 milhões de toneladas.
“Vimos números da nova safra americana que deixam o mercado mais preocupado”, diz Cachia. Afinal, além de uma produção menor nos EUA, na outra ponta, há a China comprando, nesse novo ano comercial, volumes recordes da commodity. O departamento estima que as importações da nação asiática poderiam chegar a 103 milhões de toneladas.
Também do lado da demanda, o USDA trouxe sua projeção para as exportações norte-americanas da nova temporada em 62,32 milhões de toneladas. “Mesmo com toda a disputa comercial com a China, os EUA seguem otimistas e estimando exportações muito altas, o que deve fazer com que os números dos estoques americanos sejam revisados ao longo do ano”, explica o analista.
E com esse quadro ajustado entre a oferta e a demanda, ainda segundo Cachica, o acompanhamento do cenário climático no Meio-Oeste americano pelo mercado será ainda mais importante e intenso durante esta temporada. “Acredito que ainda teremos momentos em que o mercado climático possa dar oportunidades para o produtor brasileiro”, sinaliza o executivo. “Do ponto de vista fundamental e técnico a tendência é positiva para os preços em Chicago”, completa.
No entanto, Cachia lembra ainda que há ainda uma pressão sobre o mercado da soja que vem da disputa comercial dos EUA com a China – que ainda tem suas negociações em andamento – as vendas para exportação mais lentas nos EUA este ano, ao lado de condições de clima que, até este momento, são bastante favoráveis para o desenvolvimento dos trabalhos de campo.
Mesmo que de forma pontual, os preços da soja no mercado brasileiro subiram nesta quinta-feira, acompanhando os leves ganhos registrados em Chicago e o dólar ainda próximo dos R$ 3,55. Nos portos, porém, as referências recuaram.
No terminal de Paranaguá, a soja disponível perdeu 1,16% para encerrar o dia com R$ 85 por saca. Em Rio Grande, o valor de fechamento foi o mesmo, porém, a baixa foi de 0,70%. A referência maio, por sua vez, perdeu 0,58% para ficar em R$ 85,50 por saca.
O dólar, nesta quinta, recuou 1,35% para R$ 3,5467, acompanhando a movimento da divisa na cena externa. Até a véspera, a moeda já vinha acumulando, no mês, um ganho de 2,62%.
“Esse alívio é momentâneo. Há muitas incertezas ainda. Precisamos ver outros indicadores sobre a economia dos EUA e ainda há a questão eleitoral doméstica”, disse o gestor de derivativos de uma corretora local à Reuters, para quem 3,50 reais agora seria um piso para o mercado.