O mercado internacional da soja registrou uma nova semana de volatilidade, porém, engatou três sessões consecutivas de alta e os principais contratos negociados neste momento na Bolsa de Chicago acumularam ganhos de mais de 1%, segundo levantamento feito pelo economista do Notícias Agrícolas, André Bitencourt Lopes.
Com isso, o vencimento maio/18 terminou os negócios com US$ 10,49 por bushel, enquanto os contratos julho e agosto finalizaram as operações na casa dos US$ 10,60, e o setembro/18 valendo US$ 10,47 por bushel.
Os futuros da soja chegaram a testar algumas mínimas no início da semana depois que uma pesquisa da consultoria Allendale, Inc. indicou uma projeção de área recorde para o plantio da soja nos Estados Unidos. Os números repercutiram com bastante intensidade ao trazerem 37,27 milhões de hectares , contra 36,42 milhões projetados pelo USDA e acima também do número do ano passado de 36,48 milhões.
Os traders na sequência, porém, se voltaram aos bons números da demanda pela soja norte-americana que chegaram pelo reporte semanal de vendas para exportação do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), com dados acima das expectativas do mercado e indicando uma retomada, mesmo que ainda tímida e inicial, do ritmo da comercialização norte-americana.
Além disso, como explicou o analista de mercado Carlos Cogo, da Carlos Cogo Consultoria Agroeconômica, as estimativas oficiais do USDA para o plantio norte-americano – sobre o qual já se especula muito, principalmente em relação às condições climáticas para o Corn Belt – serão reportadas somente no final de março. Com isso, até lá, o foco permanece sobre essa força da demanda e a conclusão da safra da América do Sul, principalmente a Argentina.
Nesta quinta-feira, a Bolsa de Comércio de Rosario revisou sua estimativa para a produção de soja do país de 46,5 para 40 milhões de toneladas. Para Cogo, cerca de 30% da safra deve ser perdida – e o país é um o maior exportador mundial de óleo de soja e de farelo – o que poderia fazer a demanda internacional por ambos os produtos migrar ainda mais para outros fornecedores, como os EUA, especialmente, motivando uma melhora de preços e prêmios.
Mercado Nacional
A semana foi intensa também para a formação dos preços no Brasil e, no balanço, as cotações não seguiram pelo mesmo caminho. O mercado acompanhou as oscilações em Chicago, o tombo dos preços no início da semana e o dólar também volátil. A moeda americana, depois de acumular um ganho de 0,85%, fechou o pregão desta sexta-feira com R$ 3,2789.
“O avanço do dólar no período foi uma somatória de fluxo de saída, cautela com o protecionismo e agora a proximidade do Fed”, afirmou o operador Spinelli Corretora José Carlos Amado à agência de notícias Reuters. “Se confirmar um quarta alta (de juros) pelo Fed, o dólar vai ficar mais sustentado e daqui para a frente a tendência é ficar mais cauteloso com o início das discussões mais intensas das eleições (no Brasil)”, acrescentou.
A soja disponível negociada no porto de Paranaguá fechou a semana com alta de 0,76% e valendo R$ 80,00 por saca, mesma referência para o produto com indicativo maio/18, mas o qual cedeu 0,62%. Em Rio Grande, a oleaginosa disponível foi a R$ 78,70, com baixa de 0,25% e a futura a R$ 79,30, caindo 0,50%.
Para o produtor brasileiro, ainda segundo Carlos Cogo, os atuais patamares de preço são “excepcionalmente bons” e aqueles que não desejam esperar para fazer novos negócios não vão se arrepender. Ele recomenda ainda a estratégia de vender uma parcela pequena para cobrir os custos de imediato para a safra seguinte e continuar com a comercialização parceladamente.
Além disso, o sojicultor brasileiro divide suas atenções entre o mercado e os trabalhos de campo neste momento, com a necessidade de finalizar sua colheita.
As chuvas dos últimos dias e as pevistas para os próximos têm motivado os produtores brasileiros de soja a avançarem com a colheita e evitar perdas que possam ser ocasionadas em função do excesso de umidade.
Com os trabalhos de campo concluídos em 58% da área semeada desta temporada, de acordo com números da consultoria AgRura os sojicultores, principalmente da região do Matopiba devem estar atentos à intensificação das chuvas que começa a ser observada a partir desta quinta-feira, 22 de março, de acordo com informações do Inmet.