Nesta quarta-feira, os preços da soja registraram um novo dia de avanço na Bolsa de Chicago e, mais uma vez, os ganhos impactam diretamente sobre a formação das referências no Brasil e ajudam a dar mais ritmo para os negócios no mercado doméstico. Embora mais tímidas do que no dia anterior, boa parte das principais praças de comercialização do país fecharam com valores de 0,34% a 2,22% mais altos, acima dos R$ 60,00 por saca.
No porto de Rio Grande, a soja para maio/18 fechou a quarta com R$ 78,00 por saca e subindo 0,39%, enquanto o produto disponível foi a R$ 77,00, mesmo valor registrado no porto de Santos. No terminal de Paranaguá, R$ 76,50 para a soja disponível.
“O reflexo da alta internacional está correndo nos preços, mesmo com um avanço bem interessante da colheita no Brasil. É uma alta extemporânea, não é momento da soja subir de preço no Brasil, porque são meses em que os preços caem. E temos que lembrar que também o câmbio, mesmo com muita flutuação, tem trazido boas oportunidades”, diz o consultor de mercado Flávio França Junior, da França Junior Consultoria.
Nesta quarta, a moeda americana fechou com alta de 0,19% e valendo R$ 3,2618. “O gradualismo (na alta dos juros nos Estados Unidos) segue na mesa por enquanto… É preciso maior sequência animadora de dados inflacionários”, afirmou o operador da corretora H.Commcor Cleber Alessie Machado à agência de notícias Reuters.
Dessa forma, o executivo alerta os produtores brasileiros para essa boa janela de comercialização, uma vez que trata-se de um ‘pico de preços generalizado’. Além disso, como explica França, um ritmo melhor da colheita esperado para os próximos dias poderia trazer alguma limitação desse avanço. Segundo dados da consultoria, há cerca de 17% da safra 2017/18 já colhidos, contra 26% do ano passado e 20% da média dos últimos cinco anos.
Além disso, a demanda pela soja brasileira se mostra ainda muito consistente, crescendo e contribui para esse quadro.
Bolsa de Chicago
No mercado internacional, os futuros da oleaginosa terminaram o pregão desta quarta-feira com altas entre 7,25 e 8 pontos, com o março/18 valendo US$ 10,34 e o maio/18, referência para a safra brasileira, US$ 10,45 por bushel.
Depois de uma breve realização de lucros, os futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago voltaram a subir, ainda respondendo aos undamentos climáticos, principalmente aqueles relacionados à Argentina. O cenário ainda é desfavorável e segue comprometendo de forma severa a produção não só da oleaginosa, mas também d emilho.
E assim, segue o foco dos traders sobre o quadro e sobre as previsões que continuam a indicar poucas e localizadas para as regiões produtoras do país nas próximas semanas.
O principal questionamento que o mercado se faz agora, porém, é de quanto menor será a colheita argentina, como explicam analistas e consultores de mercado. Além disso, as dúvidas se estendem ainda para quanto o produção de farelo – da qual a Argentina é principal produtora e exportadora mundial – também será comprometida.
Em meio à seca que segue afetando a zona agrícola núcleo da Argentina, a soja nessa região precisaria de chuvas próximas dos 200mm nos próximos 15 dias para frear as perdas produtivas.
Essa é a previsão da Bolsa de Comércio de Rosario, que já fala em um cenário de desastre produtivo. Na região, que compreende o sul de Santa Fe, o sudeste de Córdoba e o norte de Buenos Aires, há 5,5 milhões de hectares com soja, 30,5% do total a nível país.