Os preços da soja no Brasil permanecem em sua trajetória de baixas e, nesta semana, encerraram os negócios com perdas de 1,39% a 7,14%, ou algo entre R$ 1,00 e R$ 5,00 por saca nas principais referências, segundo um levantamento feito pelo economista do Notícias Agrícolas, André Lopes. No interior do Brasil, os indicativos ficam, portanto, entre R$ 58,00 e R$ 71,50 nas principais praças de comercialização e afastam ainda mais os sojicultores de novas vendas.
Os relatos de produtores de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná e Goiás dão conta de que os negócios nos principais estados de cultivo da oleaginosa os negócios seguem parados. “Os produtores tinham expectativas melhores, que não aconteceramn, os preços baixaram e travaram os negócios”, diz o produtor rural de Primavera do Leste, Jair Guariento, membro do Sindicato Rural do município. “As preocupações crescem se os preços caírem ainda mais, a ponto já não cobrirem os custos. Aí começa a faltar dinheiro”, completa.
Na região de Sapezal, em Mato Grosso também, os preços chegaram a alcançar, segundo o produtor rural Cláudio Scariote, algo entre R$ 70 e R$ 75 por saca, batendo até nos R$ 80 nos melhores momentos e hoje já se mostram variando de R$ 52 a R$ 53.
Dessa forma, a postura retraída dos sojicultores continua, deve ser mantida e, segundo explicam analistas e consultores de mercado é acertada para este momento. Para Valdir Fries, produtor de Itambé, no Paraná, melhores oportunidades poderão vir mais adiante, principalmente com base e suporte na demanda e na necessidade dos importadores da soja brasileira.
Nos portos, os preços também cederam nestes últimos dias. As recentes baixas observadas na Bolsa de Chicago – que ficaram entre 1,79% e 2,12% no acumulado semanal entre as posições mais negociadas – se uniram à baixa do dólar – que fechou em queda pela sétima semana consecutiva em território negativo – não dão espaço para uma recuperação efetiva dos indicativos. Dessa forma, as perdas nos principais terminais de exportação foram de 1,92% e 3,90%. No disponível, R$ 74 em Paranaguá e Rio Grande e, no futuro, R$ 74 no porto parananense e R$ 76,50 no gaúcho.
O que ainda dá algum suporte aos preços nos portos são os prêmios. Positivos, os valores também refletem essa oferta restrita e a tentativa dos compradores de garantir alguns volumes. “Os compradores preferem pagar um adicional sobre Chicago para ter uma garantia de abastecimento dada a restrição de oferta, que está bastante grande”, diz o analista de mercado Mário Mariano, da Novo Rumo Corretora. “E essa restrição de vendas poderia, inclusive, limitar as baixas da soja em Chicago”, completa.
Ainda segundo Mariano, os negócios estão travados que, nesta semana, para conseguir uma compra de 120 mil toneladas de soja, uma trading teve de pagar um prêmios de US$ 1,00 acima de Chicago em Mato Grosso. “Assim, para garantir dois ou três navios, veremos os compradores tendo que pagar mais do que isso”, explica Mariano.
Bolsa de Chicago
Na sessão desta sexta-feira (3), o mercado da soja na Bolsa de Chicago até testou o lado positivo da tabela, mas voltou a perder força e encerrou o dia com baixas de mais de 10 pontos entre os primeiros contratos, o que contribuiu para uma queda acumulada ainda mais significativa. Assim, a semana termina com o março/17 valendo US$ 10,27 e o maio/17, referência para os negócios com a safra brasileira, em US$ 10,37 por bushel.
O mercado internacional está carente de novidades e, por isso, sem força para novas altas consistentes e, ao mesmo tempo, sem espaço para baixas duradouras, mantendo seu commportamento ainda técnico e respeitando suas referências de suporte e resistência. Além disso, ainda nesta sexta sentiu também a pressão do dólar sobre algumas outras moedas, que pesou sobre as commodities de uma forma geral.
Há ainda alguma incerteza sobre a oferta que chega da América do Sul, mas as condições nas principais origens – Brasil e Argentina – já são conhecidas pelo mercado. A colheita brasileira, apesar de algum atraso se desenvolve e ainda carrega o potencial de uma safra na casa das 103 milhões de toneladas e, na Argentina, a situação das cheias começa a ser amenizada.
Fonte: Notícias Agrícolas