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Soja realiza lucros em Chicago, mas clima na Argentina continua no radar

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Após operar com boas altas na Bolsa de Chicago (CBOT) ao longo do pregão desta segunda-feira, os futuros da soja reverteram a movimentação positiva e encerraram o dia com leves quedas. As principais posições da commodity recuaram entre 0,75 e 2 pontos. O vencimento março/18 era cotado a US$ 10,34 por bushel, enquanto o maio/18 trabalhava a US$ 10,46 por bushel.

De acordo com o analista de mercado da Informa Economics FNP, Aedson Pereira, os preços passaram por uma correção técnica no final do dia. “Tivemos uma realização de lucros no mercado internacional. A soja ainda tem uma tendência de preços firmes na CBOT. O mercado segue de olho no desenvolvimento das lavouras na Argentina e o efeito da seca na produção”, explica.

Ainda durante o dia, o vencimento maio/18, o mais negociado nesse momento, atingiu a máxima em um ano ao tocar o patamar de US$ 10,59 por bushel. A máxima anterior foi alcançada no dia 12 de julho de 2017, quando o vencimento atingiu o nível de US$ 10,53 por bushel. Nas duas datas, o contrato encerrou a sessão negociado a US$ 10,46 por bushel.

E, inclusive, os mapas climáticos continuam a indicar chuvas com baixo volume acumulado nos próximos dias na Argentina. “Os campos argentinos deverão receber cerca de 15 mm de chuvas nos próximos dias, muito abaixo dos 100 mm necessários para reverter alguns dos danos às culturas”, disse o meteorologista Germán Heinzenknecht, da Consultoria em Climatologia Aplicada à Reuters internacional.

“Alguns reportes apontam que a produção argentina pode vir abaixo do que o mercado trabalha nesse momento. Todo esse cenário tem deixado o mercado nervoso e à espera de alguma confirmação em relação à safra de soja no país vizinho”, destaca Pereira.

Em seu último reporte, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) estimou a produção argentina em 54 milhões de toneladas nesta temporada. Entretanto, na última semana, a Bolsa de Cereais de Buenos Aires (BCBA) já revisou para baixo a estimativa, para 47 milhões de toneladas.

Embora algumas consultorias já especulam sobre uma produção próxima de 43 milhões até 40 milhões de toneladas, ainda conforme pondera o analista da Informa Economics FNP. “A secura da Argentina tem sido a grande história no mercado de soja, mas suprimentos brasileiros recordes devem compensar algumas das perdas de oferta”, disse Phin Ziebell, economista do agronegócio do National Australia Bank.

“E o Brasil voltou a colher bem e a safra começou a ganhar força no mercado internacional. Os grandes compradores estão voltando as suas aquisições ao país. O efeito da quebra na Argentina ainda não tem efeito nas compras americanas”, pondera Pereira.

Ainda hoje, o USDA reportou seu novo boletim semanal de embarques. No caso da soja, os embarques somaram 761,9 mil toneladas na semana encerrada no dia 22 de fevereiro.

O número ficou dentro das projeções dos traders, entre 730 mil a 1,09 milhão de toneladas. No acumulado da temporada, os embarques da oleaginosa totalizam 37.593,2 milhões de toneladas, número abaixo do registrado em igual período do ano anterior, de 44.452,6 milhões de toneladas.

O órgão ainda informou a venda de 132 mil toneladas de soja para a China. O volume negociado deverá ser entregue ao longo da campanha 2017/18.

Os preços da oleaginosa subiram no mercado doméstico nesta segunda-feira. Segundo levantamento realizado pelo economista do Notícias Agrícolas, André Lopes, em Jataí e Rio Verde, praças de Goiás, a saca da soja subiu 5,65%, com o preço a R$ 65,50. Em Não-me-toque (RS), a valorização foi de 2,31%, com a saca a R$ 66,50.

Já no Paraná, em Londrina e Ubiratã, a saca da soja subiu 1,50%, com o valor praticado a R$ 67,50. No Porto de Paranaguá, o valor disponível registrou alta de 0,39%, com a saca a R$ 77,30. Em Rio Grande, a valorização ficou em 0,65%, com a saca a R$ 77,10.

Conforme dados reportados pelo Cepea nesse início de semana, o valor interno da soja atingiu o maior patamar desde janeiro de 2017. “Incertos quanto à qualidade da soja 2017/18 – devido às irregularidades climáticas na América do Sul –, vendedores brasileiros se afastaram do mercado spot nos últimos dias, impulsionando os valores da oleaginosa”, informou em nota.

Além disso, a colheita ainda mais lenta em relação ao ano anterior também ajuda na composição do cenário. “Muitos produtores têm retardado o cumprimento de contratos. Outros vendedores, por sua vez, estão retraídos, à espera de melhores oportunidades de negócios”, reportou o Cepea.

A moeda norte-americana encerrou o dia a R$ 3,2326 na venda, com queda de 0,28%. “Os investidores novamente estão de olho na cena externa, em especial sobre os próximo passos da política monetária nos Estados Unidos com o depoimento do chair do Federal Reserve, Jerome Powell, no dia seguinte, no Congresso dos Estados Unidos”, informou a Reuters.

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