Nesta quarta-feira, os futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago trabalharam de forma bastante técnica durante todo o dia, caminhando de lado, e encerrou os negócios em campo misto. As três primeiras posições, entre as mais importantes deste momento, subiram entre 0,50 e 3,25 pontos, com o julho terminando em US$ 9,16 por bushel. Já o vencimento novembro/17, referência para a safra norte-americana, perdeu 1 ponto para US$ 9,18.
O mercado internacional tentou recuperar parte das baixas severas observadas na sessão anterior, porém, ainda muito sensível às informaçõe de clima nos Estados Unidos, como explica o consultor da Brandalizze Consulting, Vlamir Brandalizze.
As previsões indicam alguma melhora no quadro climático no Meio-Oeste americano para os próximos dias, apesar de algumas áreas com chuvas ainda volumosas e temperaturas ainda mais baixas. Ainda assim, alguns produtores de estados de Illinois e Indiana afirmam que os últimos números trazidos pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) não condizem com a realidade do desenvolvimento dos trabalhos de campo.
“Mas, parece que o mercado não tem dado muita bola para isso”, acredita Brandalizze. “E o clima (com as previsões mostrando melhores condições nos próximos dias) continua tendo um peso forte sobre os preços”, completa.
As últimas previsões trazidas pela consultoria AgResource Brasil mostram que “os modelos climáticos atualizados na tarde de hoje trazem previsões bem mais favoráveis ao Cinturão Agrícola para o mês de junho. Um padrão com temperaturas mais quentes e precipitações mais amenas é projetado para os próximos 10 dias. No leste do Cinturão, especialmente sobre Illinois, Indiana e Ohio, onde chuvas trouxeram problemas de plantio para a maioria da região, as temperaturas dentro da média e o céu limpo trazem velocidade ao replantio do milho que ganha ritmo nesta semana”.
De acordo com o reporte do USDA trazido nesta terça, o plantio da soja nos EUA foi concluído em 67% da área até o último domingo (28), apenas 1 ponto percentual abaixo das expectativas do mercado e da média dos últimos cinco anos para o mesmo período.
Dessa forma, cada vez mais os traders voltam suas atenções para a reta final dos trabalhos de campo e para o quadro de clima em que a nova safra americana irá se desenvolver nos próximos meses. Segundo especialistas internacionais, depois de uma das primaveras mais úmidas desde os primeiros registros do NOAA, em 1895, os produtores norte-americanos esperam agora que o verão traga condições que possam dar um alívio aos locais onde ainda há campos alagados.
Outro fator que vem limitando o avanço das cotações em Chicago são as margens de esmagamento mais apertadas e até mesmo negativas na China. Nesse ambiente, crescem as especulações de que importadores chineses estariam buscando por um adiamento dos embarques da oleaginosa.
Processadores de soja da província de Shandong, um importante centro de produção no leste do país, estavam perdendo nesta semana 292 iuanes (43 dólares) por tonelada de soja processada, o pior patamar desde setembro de 2014, segundo informou a agência de notícias Reuters nesta quarta-feira.
Preços no Brasil
No Brasil, um novo dia de preços em baixa. As cotações não resistiram a mais uma sessão de recuo do dólar frente ao real e acabaram perdendo, mais de 1% nos portos e praças de comercialização do interior do país. Em São Gabriel do Oeste, no Mato Grosso do Sul, a baixa chegou a 3,6% com a última referência em R$ 53,50 por saca.
A soja disponível, no porto de Rio Grande, perdeu 0,74% para fechar o dia com R$ 67 por saca, e em Santos, 1,17% para R$ 67,80. Já em Paranaguá, conseguiu retomar os R$ 68 com uma pequena alta de 0,74%.
Ainda como explicou Vlamir Brandalizze, diante dessa movimentação dos preços, a quarta-feira foi mais um dia de apenas negócios pontuais, para aquele produtor que, neste período de final de mês, precisava fazer caixa para cumprir com alguns compromissos financeiros.
“O mercado da soja esteve em dia de dólar em queda, com isso dependia de avanços de Chicago – que até trouxe alguns ganhos em momentos e leve alta no fechamento -, mas sem conseguir animar os compradores, que mostravam indicativos levemente abaixo do dia anterior e não queriam ir muito além dos R$ 67,50. Mas, mesmo em alguns momentos com melhores chances de preços,não confirmava fechamentos”, diz.
Nesta quarta, o dólar encerrou o dia cotado a R$ 3,2364, perdendo 0,79%. No acumulado de maio, porém, a moeda americana registrou um ganho de 1,94% – resultado do agravamento da crise política, e consolidou o terceiro mês consecutivo de altas.