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Soja no Brasil tem novo recuo; Chicago não reflete perdas na Argentina

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Os negócios com a soja no Brasil continuam se desenvolvendo em um ritmo ainda bastante lento. Como explicou o consultor de mercado Carlos Cogo, da Carlos Cogo Consultoria Agroeconômica, esse é um movimento natural do produtor brasileiro diante do atual momento do câmbio. Somente de dezembro a janeiro, cedeu mais de 7% frente ao real e, em relação ao pico dos R$ 4,00, mais de 19%. Nesta quarta-feira, a moeda americana fechou o dia com queda de 0,22% e valendo R$ 3,1916.

O foco do mercado de câmbio, nesta quarta, foi a coletiva dada pelo novo presidente americano, Donald Trump, que toma posse no próximo dia 20 de janeiro. Para Jason Vieira, economista chefe da Infinity Asset, em entrevista à Reuters, o executivo foi um tanto vago em suas colocações.

“Trump foi muito vago na sua entrevista. O mercado achou positivo ele não falar nada pesado, nada alarmante, mas acho preocupante justamente não sabermos nada”, destacou o economista-chefe da gestora Infinity Asset, Jason Vieira.

Assim, e com os preços voltando a recuar neste pregão em Chicago, o valor da soja disponível em paranaguá foi a R$ 75,00 por saca, enquanto em Rio Grande cedeu 0,39% para R$ 76,20. Já no mercado futuro, a referência no terminal paranaense foi a R$ 74,50 e, no gaúcho, a R$ 77,50, com quedas, respectivas, de 0,67% e 0,39%.

Na contramão dos portos, porém, os preços da soja no interior do Brasil registraram valorizações em boa parte das praças de comercialização pesquisadas pelo Notícias Agrícolas, com os ganhos mais expressivos sendo registrados no Paraná, com Ponta Grossa de volta à casa dos R$ 74,00 por saca. As altas ficaram, nesta quinta, apesar do dólar e Chicago, entre 0,46% e 2,78%.

Na Bolsa de Chicago, a commodity encerrou os negócios com pequenas baixas de 2,75 a 3,50 pontos entre os principais contratos. Dessa forma, o janeiro/17 – que já deixa as negociações nos próximos dias – ficou com US$ 10,02 por bushel, e o maio/17, que é referência para a safra do Brasil, em US$ 10,19.

Analistas afirmam que esse recuo – que chegou, durante a tarde a ultrapassar os 11 pontos – faz parte do ajuste pré-relatório do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos). O novo boletim chega nesta quinta-feira, dia 12, gera especulações e realizações de lucros, especialmente após os ganhos da sessão anterior.

A atenção é grande também sobre as novas projeções do departamento para a safra da América do Sul – a qual vem sofrendo com algumas adversidades climáticas em pontos importantes do Brasil e, principalmente da Argentina, onde as perdas já chegam a 5 milhões de toneladas e podem ser ainda maiores.

Ao mesmo tempo, grandes expectativas ainda sobre as exportações de soja dos Estados Unidos na temporada 2016/17. Já há, de acordo com os reportes semanais do USDA, quase 90% do total estimado para ser exportado – 55,79 milhões de toneladas – da oleaginosa comprometidos, além de um volume recorde de embarques no acumulado do ano comercial, que é de mais de 34 milhões de toneladas.

A média esperada para os estoques finais de soja norte-americanos é de 12,74 milhões de toneladas, e menor do o número do reporte anterior de 13,06 milhões de toneladas. Em contrapartida, o total esperado é bem maior do que os estoques de 2015/16 de 5,36 milhões de toneladas.

Ajudando a acentuar as baixas, o recuo intenso entre os futuros do farelo de soja ajudaram a pressionar as cotações do grão. A baixa, segundo analistas internacionais, foi estimulada ainda pelo aumento anunciado pela China nas tarifas antidumping para ingrediente de ração animal dos EUA.

Agora, as novas tarifas deverão variar de 42,2% a 53,7%, contra os antigos 33,8%, de acordo com uma decisão do Ministério do Comércio chinês. Já as taxações antisubsídios passam de 10% a 10,7% para algo entre 11,2% e 12%. Essa movimentação da China frente aos produtos norte-americanos – principalmente o DDG – já foi sinalizada no início do ano passado.

Ainda influenciando Chicago, segue a condição de clima na América do Sul. Enquanto a colheita se desenvolve no Brasil sob a luz de projeções de uma safra recorde – com algumas consultorias apontando até 105 milhões de toneladas – os relatos de importantes regiões produtoras do país indicam algumas perdas. A situação mais tensa está sendo sentida pelo Matopiba.

Na Argentina, as perdas já chegam a 5 milhões de toneladas na safra 2016/17, segundo o consultor de mercado Pablo Adreani, da argentina AgriPAC. Os prejuízos, porém, podem crescer ainda mais caso as chuvas não dêem uma trégua à zona núcleo de produção, que já recebeu 400 mm de chuvas nos últimos 30 dias, o que representa de 40% a 50% da média para todo o ano.

Adreani afirma que a realidade argentina, no entanto, ainda não foi contabilizada por Chicago, uma vez que o mercado internacional vê no aumento da safra brasileira, embora ainda não consolidado, uma compensação para as perdas de seu país. O consultor acredita que uma visão mais clara do cenário local pode chegar a partir de 20 de janeiro.

 

Fonte: Notícias Agrícolas

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