Os futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago deixaram de lado a estabilidade que permeou os negócios na maior parte da sessão desta segunda-feira e fechou o dia com boas altas, de mais de 7 pontos entre os principais contratos. Assim, o maio/18, referência para a safra brasileira, ficou com US$ 10,13 por bushel.
O mercado internacional encontrou espaço para voltar a subir, principalmente, ainda na força da demanda, que segue mostrando seu crescimento ainda muito presente e efetivo. Ao mesmo tempo, nos Estados Unidos, a comercialização caminha de forma um pouco mais lenta, com os produtores retendo suas vendas diante de patamares de preços que ainda não são atrativos para si.
Para Miguel Biegai, analista de mercado da OTCex Group, as cotações mantêm sua tendência de alta e poderia consolidar ainda mais esse movimento diante de novos números que o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) poderia trazer na próxima quinta-feira (9), mostrando um consumo maior e uma redução nos estoques americanos em seu boletim mensal de oferta e demanda.
Nesta segunda, no reporte de embarques semanais, também trazidos pelo USDA, os números da oleaginosa vieram altos e fortes, porém, dentro do intervalo esperado pelo mercado. Ainda assim, foram suficientes para trazer algum fôlego para as altas.
Na semana encerrada em 2 de novembro, os Estados Unidos embarcaram 2.490,600 milhões de toneladas de soja, enquanto os traders esperavam algo entre 2,29 e 2,78 milhões de toneladas. Assim, o acumulado na temporada comercial chega a 14.856,207 milhões, contra mais de 16 milhões do mesmo período do ano passado.
Para o economista e analista de mercado da Granoeste Corretora de Cereais, Camilo Motter, “os insvestidores se posicionam para o relatório de oferta e demanda de novembro, que será apresentado nesta quinta-feira. Analistas preveem queda nos índices de produtividade na parte final da colheita. Demanda segue firme”.
Paralelamente, uma queda do dólar nesta segunda-feira, principalmente frente ao real, como explica Marlos Correa, analista da Insoy Commodities. A moeda americana perdeu 1,45% nesta sessão e fechou com R$ 3,2590, registrando a maior queda desde o último dia 19 de maio. A cena política bastante incerta no Brasil permanece em foco.
“A grande expectativa fica por conta das negociações de Temer com a base aliada, para avançar com a agenda econômica”, destacou a Correparti Corretora à agência de notícias Reuters.
Ainda assim, o foco não deixa o clima na América do Sul – com as chuvas ainda irregulares e o plantio no Brasil concluído em pouco mais de 40% da área prevista para a safra 2017/18 – e nem a questão cambial. A recente alta do dólar diante do real tem limitado o avanço dos preços da oleaginosa na CBOT, na medida em que melhora a competitividade do produto brasileiro.
Preços no Brasil
Esse recuo da divisa americana, porém, acabou limitando a força da formação dos preços no mercado brasileiro. A demanda, também forte no cenário interno, porém, acaba por ser o ‘fiel da balança’, ajudando na manutenção dos patamares dos preços.
No Paranaguá, a soja disponível perdeu 1,34% para R$ 73,50 por saca, enquanto a safra nova foi R$ 74, com queda de 1,99%. Já em Rio Grande, por outro lado, as referências terminaram o dia em campo positivo com ganhos de, respectivamente, 0,41% e 0,39%, para R$ 74 e R$ 77 por saca.
No mercado interno, as cotações subiram e encerraram os negócios desta segunda com altas de até 2,36%, como foi o caso de Luís Eduardo Magalhães, para R$ 65 por saca.
Esse avanço dos preços no mercado interno, ainda segundo Correa, deve ser acompanhado de perto pelos produtores brasileiros, que podem encontrar melhores oportunidades para concluir a comercialização da safra 2016/17.