O mercado da soja na Bolsa de Chicago intensificou seu movimento de correção técnica na sessão desta quarta-feira e terminou o dia com baixas de 7,75 a 9,50 pontos nos principais vencimentos, ou algo entre 0,72% e 0,89%. Segundo explica o analista de mercado Adriano Gomes, da AgRural, os futuros do grão acompanharam o movimento de baixa também do farelo de soja, que cederam mais de 1% neste pregão. O óleo também apresentou recuos da mesma ordem.
Dessa forma, o contrato maio/18 fechou o dia com US$ 10,65 por bushel, enquanto as posições julho e agosto se mantêm acima dos US$ 10,70.
Parte dessa correção reflete a busca dos traders por um melhor posicionamento antes do relatório mensal de oferta e demanda de março que o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) divulga nesta quinta-feira, 8 de março. Alguns dos números mais esperados são aqueles que estimam a safra da América do Sul, mais especificamente aqueles sobre a Argentina.
“Chegamos a um ponto sem volta na questão da safra argentina tanto para a soja, quanto para o milho. Com pouca ou quase nenhuma chuva entre os meses de dezembro e fevereiro, a única questão ainda pendente é o tamanho da perda”, explica o analista sênior de grãos do portal DTN, Darin Newsom.
Os números das estimativas com qual trabalha o especialista, porém, ainda parecem bastante conservadores diante das informações que chegam, inclusive, da própria Argentina. A média pré-relatório é de 48,1 milhões de toneladas para a soja, com o intervalo variando entre 43 e 53,5 milhões.
Para Gomes, o mercado ainda sustenta a dúvida de qual será, de fato, o tamanho da quebra na Argentina e, principalmente, se isso já foi precificado pelo mercado. “O mercado está de olho nos números do USDA e eles poderão ajudar os preços a tomarem uma definição”, diz.
Paralelamente, o mercado da soja em Chicago observou ainda, de acordo com informações apuradas pela Labhoro Corretora, alguns mapas climáticos mostrando um pouco mais de chuvas para o centro e norte da Argentina. Os mapas valem até dia 17 de março.
Entretanto, essas precipitações devem chegar tarde demais para amenizar a situação dos campos argentinos de soja.
No paralelo, os temores da tensão ao redor de uma possibilidade de disputa comercial entre China e Estados Unidos podendo pesar sobre o mercado da oleaginosa também trazem alguma pressão sobre as cotações, embora as informações ainda estejam no campo das especulações.
Preços no Brasil
Os preços da soja no mercado brasileiro não seguiram um caminho comum nesta quarta-feira, uma vez que, apesar do fechamento negativo na Bolsa de Chicago, o dólar subiu 1,05% nesta sessão e fechou o dia com R$ 3,2441, recuperando parte da baixa da véspera, de 1,16%.
A pressão sobre a moeda americana, que terminou o dia valendo R$ 3,2441, veio, segundo especialistas, do temor crescente de uma guerra comercial global, principalmente depois do assessor econômico da administração do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deixar o cargo, como noticiou a agência Reuters.
Assim, em Paranaguá a soja subiu 1,26% tanto no disponível, quanto para a referência abril/18, fechando o dia com R$ 80,50 por saca. Já no terminal de Rio Grande, queda de 0,51% para a oleaginosa disponível e de 0,62% para maio/18, com os últimos preços em, respectivamente, R$ 78,80 e R$ 79,50 por saca.
No interior do Brasil, baixas de cerca de 0,7%, principalmente nas praças do Sul do país. Já em Tangará da Serra, em Mato Grosso, alta de 1,43% para R$ 63,00.