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Soja fecha pregão em campo negativo em Chicago

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Os preços da soja negociados na Bolsa de Chicago mais uma vez fecharam o pregão em campo negativo, porém, com varições bem pouco expressivas nesta quarta-feira. As cotações até chegaram a testar, ao longo dos negócios, perdas um pouco mais intensas, porém, voltaram e mais uma vez ficaram estáveis.

Segundo o analista de mercado sênior Jack Scoville, da Price Futures Group, esse é um momento de um mercado, de fato, mais tranquilo e ainda de ajuste de posições. Em entrevista ao site internacional Agriculture.com, o executivo diz ainda que “o mercado tanto da soja quanto do farelo ainda seguem pressionados pela concorrência com a América do Sul e pelas expectativas de uma grande safra por lá”.

Apesar disso, os preços encontram um ligeiro suporte nesta quarta diante de um novo anúncio do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) de uma nova venda de soja em grão de 120 mil toneladas da safra 2017/18 para a China.

“A demanda segue firme, consistente e previsível. Mas, os números da oferta é que vêm surpreendendo e se  impondo na formação do preço. A produção da América do Sul vem em alta a cada nova avaliação e pode se aproximar de 180 milhões de toneladas, cerca de 7% a mais do que no ano passado. O destaque é para o aumento da produção brasileira e paraguaia. No Brasil têm consultorias avaliando a safra acima de 110 milhões e no Paraguai, em pelo menos 10 milhões de toneladas”, explica o economista e analista de mercado Camilo Motter, da Granoeste Corretora de Cereais.

Em contrapartida, o mercado internacional também já especula sobre as condições de clima para a nova safra de grãos dos Estados Unidos, bem como sobre a batalha por área entre soja e milho na temporada 2017/18. Modelos climáticos americanos já começam a indicar, em suas últimas projeções, 60% de chances de ocorrência de um El Niño este ano e os traders dão espaço para a precificação desses fatores, mesmo que inicialmente.

“Os bastidores da especulação na soja nos Estados Unidos já começam a precificar um ritmo de plantio mais acelerado, com clima favorável e um inverno bastante fraco – possibilitando o derretimento da neve e a elevação das temperaturas com mais facilidade. Condições climáticas para o começo de plantio nos EUA se mostra dentro das normalidades, entretanto alguns modelos já sugerem um padrão de El Niño para o verão norte-americano (julho-setembro)”, informa, em seu reporte diário, a AgResource Company Brasil.

Enquanto essas informações ainda não se confirmam e permanecem no terreno especulativo, o mercado aguarda o novo reporte que o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) traz nesta próxima sexta-feira, 31 de março, com as projeções oficiais de intenção de plantio no país. Ainda neste dia, chegam os estoques trimestrais dos EUA em 1º de março.

Competitividade Brasil x EUA

A competitividade entre os mercados americano e brasileiro de soja, como explica o analista de mercado Eduardo Vanin, da Agrinvest Commodities, também entra na conta neste momento. O mercado está bastante focado nos prêmios e nas oportunidades que surgem para os dois exportadores.

Há um crescimento da oferta sulamericana da ordem de 12% a 15%, há produto ainda nos Estados Unidos ainda nas mãos de produtores e tradings. “Essa soja está vindo para exportação nos EUA com prêmios bastante competitivos e, aqui no Brasil, temos esse ‘aumento’ de venda por parte do produtor – mesmo que da mão para a boca – então, Brasil disputando com os EUA via mercado de prêmios. Então, vai exportar quem for mais barato”, diz o analista.

Ainda segundo Vanin, há ainda a expectativa de que, no final da temporada comercial, os EUA possam ainda aumentar suas vendas, como aconteceu no ano anterior, mostrando-se mais competitivo em relação ao produto brasileiro, aumentando seu volume em algo até perto de 3 a 4 milhões de toneladas a mais do que o projetado atualmente, de 55,1 milhões de toneladas. “E isso poderia ajudar a reduzir os estoques americanos”, diz o analista.

Preços no Brasil

Apesar disso e do elevado potencial de exportação de soja do Brasil – com um volume que pode chegar aos 60 milhões de toneladas este ano – a comercialização no país ainda segue caminhando em ritmo bastante lento. Os preços, afinal, seguem travados pelo dólar e sem estimular novos negócios.

Nos portos nacionais, as referências principais permanecem entre R$ 69 e R$ 70,50 por saca no disponível e até maio ejunho/17, como é o caso do terminal de Paranaguá e Rio Grande, respectivamente, ainda distante do que o sojicultor almeja. E esse ainda é um fator que ameaça essa potencial, apesar de uma demanda muito forte e que conta com perspectivas de crescimento bastante interessantes e consistentes.  Em Imbituba, Santa Catarina, o indicativo nesta quarta chegou a perder 1,45% para fechar com R$ 68 por saca.

“O que poderia destravar e fazer uma exportação de 60 milhões de toneladas mais fácil seria o câmbio. Se o câmbio subir, automaticamente, o produtor vai ter o número que ele pensa, que ele quer, em reais e, mesmo assim, em dólares, a soja brasileira continuaria a ser barata”, explica Vanin.

Fonte: Notícias Agrícolas

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