Nesta quinta-feira, o mercado da soja na Bolsa de Chicago ampliou suas baixas durante a sessão e fechou o dia perdendo mais de 9 pontos entre as posições mais negociadas. Os contratos chegaram, inclusive, a perder os US$ 9,40, com exceção do agosto/17. O julho – que é o mais negociado – e o novembro, referência para a safra americana, encerraram os negócios com US$ 9,38 por bushel.
Com uma junção de fatores, o mercado futuro americano acabou perdendo sua força ao longo do dia. Entre os mais fortes, a severa baixa do petróleo de mais de 5% em Londres e Nova York após as informações de que a Opep (Organização dos Países Produtores de Petróleo) de que sua decisão sobre o corte na produção não teria vindo em linha com o que esperava o mercado
“Havia expectativas de que a Opep poderia elevar o volume dos cortes ou prorrogá-los por até 12 meses”, informou a Reuters. A instituição decidiu manter os cortes na produção até março de 2018, com os produtores ainda lutando com uma sobreoferta mundial da commodity.
Segundo explicam analistas e consultores de mercado, a baixa do petróleo provocou a saída dos investidores não só dele, mas das commodities de uma forma geral e impactou diretamente o complexo soja. Não só a oleaginosa em grão, mas também os futuros do óleo de soja cederam mais de 0,7% nesta quinta na CBOT.
Além disso, o movimento favoreceu ainda uma alta do dólar, o que também pressionou. O index subia, frente a uma cesta de outras divisas, 0,20% para pouco mais de 97 pontos. No Brasil, perto de 16h20 (horário de Brasília), a moeda americana – também influenciada pela cena política brasileira – subia 0,40% para R$ 3,29.
Ademais, o clima no Meio-Oeste americano permanece como um dos protagonistas do mercado futuro da soja em Chicago. Os traders seguem acompanhando as chuvas e o frio previstos para os próximos dias, ao mesmo tempo em que para o início de junho já são esperadas condições mais favoráveis.
“Vamos ter um mercado bastante volátil daqui para frente,tanto para o bem quanto para o mal. O clima vai ser o fator decisivo, sem dúvida”, explica Camilo Motter, economista e analista de mercado da Granoeste Corretora de Cereais.
Assim, como explica o boletim da consultoria AgResource Brasil, “a maioria dos bastidores das commodities está à espera de melhores definições das condições climáticas para junho nos Estados Unidos e uma delineação da direção dos preços no curto e médio prazo”.
Também nesta quinta-feira, o mercado internacional recebeu os novos números do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) sobre as vendas semanais para exportação. Apesar de fortes e de virem acima das expectativas dos traders, foram insuficientes para promover um suporte às cotações, ou estimular algum avanço.
Na semana encerrada em 18 de maio, o país vendeu 472,7 mil toneladas de soja em grão, enquanto as expectativas variavam de 200 mil a 400 mil toneladas. O volume cresceu 33% em relação ao da semana anterior. A maior parte do total foi destinada à países não revelados e, na sequência, para a China.
No acumulado da temporada, as vendas americanas já somam 57.827,9 milhões de toneladas e seguem muito acima da última projeção do USDA para as exportações da safra 2016/17 de 55,75 milhões de toneladas. O total é maior também do que o registrado no mesmo período do ano anterior, de pouco mais de 47,4 milhões.
Complementando o cenário de pressão sobre os preços, ainda segundo analistas internacionais, os traders já começam a se ajustar para o final de semana prolongado dado o feriado do Memorial Day, comemorado nos EUA na próxima segunda-feira (29) e quando as bolsas americanas não operam. Analistas internacionais esperam uma terça-feira (30) pós-feriado bastante volátil, principalmente com informações atualizadas sobre o avanço do plantio nos EUA, as condições das lavouras – no caso do milho – e novas previsões climáticas.