Os preços da soja negociados na Bolsa de Chicago caíram no pregão desta quinta-feira. As posições mais negociadas perderam mais de 6 pontos, o maio/17 fechou com US$ 9,62 por bushel e os futuros da oleaginosa renovaram suas mínimas em cinco meses.
A soja liderou as baixas, porém, seus mercados vizinhos também cederam na preparação para os novos números do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) que chegam nesta sexta-feira, 31 de março. Os estoques trimestrais do país deverão ser elevados e o boletim de intenções de plantio podem confirmar um aumento na área destinada à soja.
Para analistas nacionais e internacionais, nesse momento das temporadas e nas atuais circunstâncias em que estão os preços no mercado futuro norte-americano, a tendência é de que os números de área ganhem maior atenção e repercussão do que os estoques. Os dados serão reportados às 13h (horário de Brasília). Enquanto isso, os traders seguem observando com as expectativas.
Para a soja, as expectativas do mercado variam de 34,76 a 36,5 milhões de hectares, com média de 35,65 milhões. O número, ao ser confirmado, ficaria bem acia dos 33,75 milhões.
O pouco suporte para as cotações, por outro lado, também veio do departamento agrícola norte-americano. As vendas semanais norte-americanas ficaram acima das expectativas e, do total estimado para ser exportado pelos EUA nesta temporada 2016/17 – 55,10 milhões de toneladas -, já há quase 100% comprometido.
Foram negociadas 681 mil toneladas e elevou o total já comprometido pelos EUA a 54.669,9 milhões de toneladas, ou seja, 99,2% do total projetado para esta temporada, de 55,1 milhões de toneladas. As vendas deste ano comercial superam as do anterior em 25%. Nesta semana, os principais compradores foram os alemães.
Além disso, ainda nesta quinta, o USDA anunciou a vendas de 165 mil toneladas de soja da safra nova para a China e também contribuiu para trazer algum equilíbrio às cotações. No entanto, a pressão da nova safra da América do Sul e mais esse ajuste antes dos novos dados seguem pesando sobre as cotações, como explicam analistas e consultores de mercado.
E nesse ambiente, como explica o analista internacional Bob Burgdorfer, do portal Farm Futures, os fundos voltaram a vender parte de suas posições, acentuando ainda mais o recuo. Complementando, diz ainda que “o clima continua favorável para as safras da América do Sul e dos EUA, enquanto as chuvas permitem a adequação dos níveis de umidade nos solos americanos e chegam na medida para não atrapalhar a conclusão da colheita sul-americana”.
Preços no Brasil
A formação dos preços no Brasil até poderia ter sido beneficiada pela alta de quase 1% do dólar frente ao real nesta quinta, que levou a moeda americana a R$ 3,1440, mas a limitação veio das baixas em Chicago.
Assim, as cotações perderam até 1,92% no interior do Brasil, com as referências entre R$ 52,00 e R$ 65,50 por saca. E nos portos, a referência da soja disponível perdeu os R$ 67 para fechar com R$ 66,50 em Paranaguá e R$ 66,70 em Rio Grande.