O mercado internacional da soja encerrou a sessão desta terça-feira com estabilidade na Bolsa de Chicago. Os futuros da oleaginosa, pela manhã, até buscaram dar continuidade aos ganhos da última sessão, no entanto, não tiveram força para seguir o movimento positivo. E com isso, mais uma vez, o vencimento maio/17 voltou aos US$ 9,56 por bushel e o novembro/17, referência para a safra norte-americana terminou o dia com US$ 9,62.
Como explicou o analista de mercado da OTCex Group, Miguel Biegai, os preços perderam o ritmo do avanço com os traders reavaliando o real impacto do atual cenário climático na produção dos Estados Unidos. As especulações em cima de chuvas excessivas, frio e até mesmo neve em regiões produtoras foram motivo para um rally na sessão anterior.
As previsões seguem indicando mais chuvas para os próximos dias, pelo menos até o final desta semana, porém, insuficientes para confirmar perdas severas agora ou para gerar problemas muito preocupantes.
“Os novos mapas climáticos atualizados hoje pela AgResource Brasil (ARC Brasil) mostram um adicional de 12mm-75mm de chuvas nos próximos 7 dias para as regiões-localizadas já inundadas do Cinturão agrícola americano. O padrão de temperatura permanece frio para os próximos 10 dias com apenas alguns dias de calor em torno do dia 10 de maio. Este padrão mais “fresco” deve reduzir as taxas de evaporação e retardará a germinação das lavouras”, informou a consultoria em seu reporte diário nesta terça.
“Alguns pontos do Corn Belt receberam até 200 mm de chuvas, isso é um fato, mas foram pontos isolados”, explica Ginaldo Sousa, diretor da Labhoro Corretora. E para o milho e a soja – ao contrário do trigo, que sofreu muito no último final de semana, as condições climáticas e seus reflexos não foram tão severas. “No meu entendimento, o mercado já precificou esses eventos”, complementa.
Apesar do movimento de recuo observado nesta terça, para Sousa os próximos dias ainda deverão ser intensamente influenciados pelo clima. “Estamos no meio de um mercado climático e a expectativa é que os preços em Chicago nessa semana sejam influenciados pelas previsões dos mapas”, afirma o executivo.
Até o último domingo (30), a semeadura da oleaginosa estava concluída em 10% da área. O número, porém, fica acima do mesmo período do ano passado e da média dos últimos cinco anos, de 7% em ambos os casos. E a atenção em maio para o plantio é ainda maior, já que esse é o mês mais importante para a semeadura no país.
No Brasil
No Brasil, as especulações sobre o clima no Meio-Oeste americano abriu uma importante janela de oportunidade para os produtores voltarem a comercializar a soja da safra 2016/17. Com o dólar próximo dos R$ 3,20 – mas ainda sentindo alguma pressão e instabilidade – as cotações começaram a semana com boas perspectivas, ligeiramente melhores do que o que vinha sendo observado nas últimas semanas.
Segundo o analista da InSoy Commodities, Marlos Correa, na manhã desta terça, a soja já foi negociada com valores R$ 1,50 por saca maiores do que na semana passada em Cascavel, no Paraná. Os indicativos variavam, portanto, de R$ 62,50 a R$ 63,00 por saca.
“O produtor tem que ficar bem atento e se precaver, travar seus custos, definir uma margem de ganho e aproveitar esses momentos de repique. Não pode esperar muito, o mercado não tem sustentação sem notícias que mudam. Tem que ir com parcimônia e ir fazendo médias”, orienta Correa.
O mercado internacional veio confirmando um momento já esperado por Ginaldo Sousa, que falava em uma “chance” que o mercado em Chicago daria para os preços no Brasil ao superar os US$ 9,50 por bushel. “Os produtores, portanto, têm que aproveitar os preços neste momento, e também os prêmios”, diz, com as referências entre 50 e 60 cents de dólar acima dos preços de Chicago, no porto de Paranaguá, por exemplo.
E apesar da devolução de parte dos ganhos em Chicago, os preços no Brasil registraram uma terça-feira positiva quase que de forma generalizada. No interior, as praças de comercialização dos principais estados produtores encerraram os negócios com ganhos de até 3,35%, como foi o caso do Oeste da Bahia, levando a saca a R$ 56,50. Em Ponta Grossa, no Paraná, a referência está em R$ 66,50 e fechou com alta de 0,76%.
Nos portos, as altas foram mais tímidas, porém, também registradas. Em Paranaguá, ganho de 1,19% no disponível para R$ 68,30 por saca, já em Rio Grande, 0,44% para R$ 68,10. Em Santos, o preço subiu 0,87% para R$ 69,30. As referências mais distantes, no entanto, tiveram leves perdas e foram a R$ 68,30 e 0,29% no terminal paranaense e a R$ 68,70 no gaúcho, cedendo 0,15%.