A recente valorização cambial contribuiu para a evolução dos negócios com a soja da safra 2017/18 no Brasil. O consultor de mercado da Brandalizze Consulting, Vlamir Brandalizze, explica que os preços futuros para junho alcançaram R$ 77,00 a saca nos portos, o que favoreceu o travamento de posições e a realização de novos negócios.
“Estamos dentro dos melhores níveis do ano, o valor de R$ 77 a saca tinha sido alcançado na primeira semana de julho. E esse é um valor que remunera os produtores. Acredito que no acumulado dessa semana, a comercialização tenha avançado entre 4% a 5%”, afirma Brandalizze.
Até o momento, a expectativa é que em torno de 18% a 20% da safra tenha sido negociada antecipadamente. O número ainda está abaixo da média dos últimos anos, entre 35% a 40%.
“As altas do câmbio também geraram oportunidades de comercialização com a safra velha. No Rio Grande do Sul, por exemplo, vimos um movimento de desova dos estoques com mais velocidade. Na safra nova também foram efetivados novos negócios no médio-norte de Mato Grosso e no sudoeste de Goiás”, reforça o consultor em agronegócio, Ênio Fernandes.
Nesta quinta-feira, a moeda norte-americana subiu mais de 1,22% e finalizou o dia a R$ 3,2846 na venda, após atingir R$ 3,2898 na máxima do dia. De acordo com dados da Reuters, a moeda renovou as máximas em mais de quatro meses. Desde o dia 19 de outubro, o câmbio acumula alta de 3,78%.
“O dólar se aproxima do patamar de R$ 3,30, com o placar da votação na Câmara dos Deputados indicando menor apoio político a Michel Temer, o que manteve a cautela do mercado mesmo após a segunda denúncia contra o presidente ser barrada”, informou a Reuters.
Já no Porto de Paranaguá, a alta no preço disponível foi de 0,68% e a saca fechou o dia a R$ 73,50. No preço futuro, o ganho também ficou em 0,68%, com a saca a R$ 74. Em Rio Grande, o futuro ficou em R$ 76. No restante das praças pesquisadas pelo economista do Notícias Agrícolas, André Lopes, o dia foi de ligeiras oscilações.
Bolsa de Chicago
Na Bolsa de Chicago (CBOT), os futuros da soja encerraram a sessão desta quinta-feira em campo negativo. Após passar boa parte do dia próximas da estabilidade, as principais posições da commodity ampliaram as perdas e finalizaram o pregão com quedas entre 3,75 e 4,25 pontos. O vencimento novembro/17 era cotado a US$ 9,71 por bushel, enquanto o março/18 operava a US$ 9,82 por bushel.
“Com a colheita chegando ao final nos Estados Unidos e as chuvas no Brasil, o mercado não tem muito fôlego para avançar”, destaca o consultor de mercado da Brandalizze Consulting, Vlamir Brandalizze. A colheita do grão norte-americano avançou bem na semana e chegou a 70% até o último domingo, conforme dados do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos).
Já no Brasil, as chuvas começaram a chegar ao Centro-Oeste ao longo dessa semana. Ainda é consenso entre os especialistas que, os trabalhos nos campos permanecem abaixo do registrado no ano anterior. “Não iremos recuperar o atraso, mas começamos a ter condições normais para a evolução da semeadura”, reforça Brandalizze.
Apesar do cenário, a demanda constante tem dado suporte aos preços na Bolsa de Chicago, segundo ressalta Ênio Fernandes, consultor em agronegócio. Ainda hoje, o USDA reportou que na semana encerrada no dia 19 de outubro, as vendas de soja somaram 2,13 milhões de toneladas. Do total, mais de 1,5 milhão de toneladas foi adquirida pela China.
Com o novo reporte, o volume vendido na temporada chega a 28.416,0 milhões de toneladas. Porém, o número ainda está abaixo do registrado no mesmo período do ano passado, de 33.612,3 milhões de toneladas. “Os números das vendas semanais deram sustentação aos preços no mercado internacional nesta quinta-feira”, completa Brandalizze.