O mercado internacional da soja registrou mais uma semana de intensa volatilidade, porém, o saldo foi negativo e as principais posições perderam mais de 2%. O vencimento mais negociado – maio/18 – dessa forma, fechou abaixo dos US$ 10,30, valendo US$ 10,28 por bushel na Bolsa de Chicago. As posições julho e agosto não conseguiram manter nem mesmo os US$ 10,50.
Um movimento mais intenso de realização de lucros e ajuste de posições foi observado nos últimos dias, com novos boatos ligados à disputa comercial entre China e Estados Unidos e às especulações em torno do início da nova safra norte-americana.
Além disso, as baixas do trigo e do milho também pressionaram os futuros da soja. Somente na sessão desta sexta-feira, os grãos perderam, em Chicago, respectivamente, 1,17% e 2,63%. Na oleaginosa, as perdas foram de pouco mais de 0,8%, ou entre 7 e 8,50 pontos.
As previsões mais recentes mostram que as condições para os próximos dias deverão começar a favorecer o plantio do milho e a safra de trigo, dando início a uma mudança do cenário que ainda traz temperaturas muito baixas, neve e solos secos e compactados.
“Há previsões climáticas mostrando a possibilidade de um sistema de tempestades pela região do trigo vermelho de inverno começando nesta sexta-feira e se estendendo até domingo. De outro lado, outras previsões mostram, porém, que essas chuvas ainda viriam em volumes limitados”, diz o analista de mercado do Commonwealth Bank da Australia, Tobin Gorey.
Sobre a questão da disputa comercial entre chineses e americanos, as expectativas do mercado são de que após as taxações severas sobre o sorgo, o próximo alvo poderia ser a soja, o que incentivaria uma força ainda maior da demanda pelo produto brasileiro.
“A incerteza sobre o status das importações dos EUA para a China estão pesando. Os chineses estão buscando soja no Brasil”, diz a Benson Quinn Commodities. E diante disso, “alguns traders poderiam estar relutantes em assumir novas posições de compra”, como explica Terry Reilly, analista de mercado da Futures International.
E essa maior demanda pela soja brasileira ainda mantém os prêmios positivos – embora mais baixos do que os níveis observados há alguns dias, quando bateram em até US$ 1,90 sobre Chicago – atuando na casa de US$ 1,20 e dando força para que os patamares sejam ao menos sustentados no mercado nacional, como aconteceu nesta semana.
A pressão, porém, onde foi registrada, veio das baixas observadas em Chicago e das deslizadas que o dólar registrou frente ao real ao longo da semana.
Assim, os indicativos no interior do país chegaram a perder até 4,63% no acumulado da semana, e, nos portos, até 2,10%. Assim, os indicativos nos terminais de exportação fecharam a semana entre r$ 84,50 e R$ 85 por saca.
No entanto, com baixos estoques de passagem e estoques finais que serão quase inexistentes este ano, os preços da soja têm potencial para sustentar bons patamares no mercado brasileiro. “Vamos terminar 2018 praticamente sem soja no Brasil”, diz o consultor em agronegócio Ênio Fernandes, da Terra Agronegócios.
Nesse quadro, o especialista acredita que o produtor ainda deverá encontrar boas oportunidades de novas vendas ao longo do ano. Nesta semana, com o dólar testando leves baixas – tal qual as cotações em Chicago – e os prêmios mais acomodados, o produtor voltou a se retrair e o ritmo das vendas diminuiu.