A melhoria dos atributos químicos, físicos e biológicos do solo, recomendações de manejo, alternativas para melhorar o sistema de produção e resultados de pesquisas com sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta foram alguns dos temas apresentados, esta semana, bo 11º Dia de Campo sobre Sistemas Integrados de Produção Agropecuária, em Sinop, pela parceria entre Embrapa Agrossilvipastoril e Senar .
Em dois dias, cerca de 500 pessoas, entre produtores, consultores técnicos, extensionistas, estudantes e professores puderam percorrer um circuito principal com quatro estações temáticas e ainda puderam escolher mais um tema entre outros quatro disponíveis para acompanhar, marcando os 13 anos da criação da unidade da Embrapa em Sinop.
Pesquisadores apresentaram resultados de mais de dez anos de experimentos com ILPF – Integração Lavoura, pecuária Floresta, em Sinop, dados de produção de grãos, quanto da pecuária de corte e de leite quanto dados de crescimento de árvores foram mostrados.
Nesta estação foram apresentados resultados de pesquisas com sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta desenvolvidas na Embrapa Agrossilvipastoril. O pesquisador Ciro Magalhães mostrou que é possível ter em sistemas integrados produtividade de grãos semelhantes às de lavouras exclusivas. Mesmo em sistemas com árvores, se feito o manejo correto com desbaste e poda, é possível igualar a produtividade.
De acordo com Ciro, o mais recomendável em sistemas como esse é o uso da lavoura somente nos anos iniciais, porém, caso o produtor precise recuperar uma pastagem ou tenha outra demanda, é possível produzir soja e milho, desde que feito o manejo das árvores ampliando a entrada de luz na lavoura.
Resultados da pecuária de corte foram apresentados pelo pesquisador Luciano Lopes. Trabalhando com fêmeas nelore, ele avaliou indicadores de precocidade sexual. A aptidão reprodutiva é resultado do ganho de peso do animal e da atividade hormonal. Nesse sentido, as pesquisas mostram que sistemas integrados favorecem o ganho de peso, com destaque para a ILP. Já os sistemas com árvores e maior conforto térmico resultaram em maiores índices de hormônios reprodutivos.
Outra diferença encontrada na pesquisa é que em sistemas integrados, com ou sem árvores, os bezerros nasceram mais pesados do que os filhos de animais que ficaram em pastagem exclusiva.
A boa notícia para o agricultor é que todas as palestras do dia de campo foram gravadas e serão disponibilizadas em breve no Canal da Embrapa no Youtube. A iniciativa visa ampliar o alcance do conteúdo apresentado no evento.
Na estação sobre saúde do solo, a pesquisadora da Embrapa Cerrados Iêda Mendes e o representante do Laboratório Solos & Plantas Renato Cândido falaram sobre a tecnologia BioAS, técnica que permite diagnosticar as condições do solo com base na análise de enzimas presentes na amostra. A bioanálise, associada aos resultados das análises químicas, permite identificar se o solo está em boas condições, em processo de degradação, já degradado, ou em recuperação.
Conforme definição da pesquisadora, o BioAS pode ser comparado a um exame de sangue feito para avaliar a saúde das pessoas. Com isso, o produtor ganha mais uma ferramenta para a tomada de decisão em sua propriedade. A tecnologia está disponível para áreas de lavoura do Cerrado e em breve será lançada também para o estado do Paraná.
Uma das ferramentas para melhorar o solo é o uso de consórcios forrageiros em segunda safra. Entre os serviços ecossistêmicos gerados por eles podem estar a descompactação do solo, melhoria da atividade microbiana, mitigação de nematoides, fixação biológica de nitrogênio e a ciclagem de nutrientes.
Resultados ligados à ciclagem de nutrientes e o efeito desses consórcios para a cultura da soja foram o destaque das apresentações dos professores da UFMT. Arthur Behling Neto (que trabalhou junto com Onã Freddi) enfatizou que o objetivo não é o de substituir o uso do milho em segunda safra e sim dar opções ao produtor na área em que não é possível semear o milho dentro da janela recomendada pelo Zarc. Na região Médio Norte de Mato Grosso, por exemplo, somente 80% da área usada no cultivo da soja foi semeada com milho na safra 2020/21.
Entre os resultados apresentados está o aumento em até 50% na massa de palhada quando comparado com o milho solteiro, e a ciclagem de nutrientes, como o potássio. Em algumas configurações, como a de braquiária com nabo forrageiro, o aporte de potássio na palhada chegou a 400 kg por hectare, significando economia de até R$ 1,2 mil por hectare em aplicação de KCl em um sistema de alta produtividade.
As características do capim elefante BRS Capiaçú e as recomendações técnicas para plantio e uso foram apresentadas pelo extensionista da Empaer de Guarantã do Norte, Antônio Paulo Barros. Ilustrando com exemplos de produtores, ele mostrou como essa forrageira pode ser uma fonte importante de alimento, seja in natura servida no cocho, ou em forma de silagem.
Ele mostrou dados de fazendas da região com uso da silagem com 100 a 120 dias apresentando 19 a 22% de matéria seca e 6 a 8% de proteína bruta. Associado a outras fontes de alimento, o Capiaçú tem ajudado a manter a produtividade de rebanhos de leite e corte no período de seca.
Ainda na mesma estação, o analista da Embrapa Agrossilvipastoril Orlando Oliveira Júnior falou sobre a nova cultivar de braquiária ruziziensis lançada pela Embrapa, a BRS Integra. Ele mostrou que a forrageira produz 25% a mais de matéria seca no outono e inverno, tem maior relação folha colmo, porte mais ereto, palhada mais duradoura e rebrota mais vigorosa. O manejo e a dessecação para a semeadura da safra seguinte são semelhantes ao da ruziziensis Kenedy, cultivar largamente usada no país.
A informação é da assessoria da Embrapa.