Mato Grosso corre o risco de não ter gado suficiente para o abate a partir de 2021 comprometendo as operações do setor frigorífico que gera mais de 24 mil empregos. O alerta é do presidente do Sindicato das Indústrias Frigoríficas de MT, Paulo Bellicanta, que apontou as exportações de animais vivos para serem abatidos em outros estados e também em outros países como principal responsável por essa situação que traz prejuízos enormes para diversos segmentos.
Situação semelhante já foi vivenciada pelo setor em 2015 quando vários frigoríficos mato-grossenses suspenderam as atividades temporariamente por falta de matéria-prima para o abate. “A história tende a se repetir, caso não exista imediatamente uma ação direcionada para a equação do problema. A evasão da matéria-prima com a saída de mais de 93 mil animais em único mês representa o abate de 9 indústrias de porte médio”, ressaltou o presidente.
Segundo Bellicanta, a falta de matéria-prima já é uma realidade sentida na formação de escalas de abate e a tendência é de que se agrave muito mais no próximo ano, quando faltarão os animais jovens que hoje deixam o Estado. A evasão do gado vivo de Mato Grosso, tem promovido diferenças absurdas sendo que a primeira delas é percebida no campo da sustentabilidade. “Desavisadas redes varejistas e ONGs estão vigiando com lupa o abate de animais na região Amazônica, enquanto este gado está morrendo em São Paulo ou outros estados da região sudeste”, pontuou.
O presidente explicou ainda que isso ocorre por causa da diferença tributária na comercialização dos animais vivos de um estado para outro, algo bastante prejudicial para os produtores de Mato Grosso e para a economia do que seria alavancada se a industrialização dessa matéria prima ocorresse no estado.
Atualmente, a diferença de custo na produção que chega a 10% considerando-se tributos e logística já é um desafio diário para quem produz em Mato Grosso por causa da localização a 2 mil quilômetros de distância de um porto. “Não há como suportar outros fatores sem o entendimento dos governos de que só é possível um certo grau de industrialização com um certo apoio do poder constituído”, pontuou Bellicanta.
De acordo o presidente, na falta de gado para o abate a indústria se vê obrigada a buscar meios para minimizar os impactos negativos e um deles é conceder férias coletivas e reduzir os abates. Inclusive, o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária apontou na última segunda-feira que alguns frigoríficos já estão com dificuldades para encontrar animais para abate e começam a decretar férias coletivas. As projeções são que para os próximos meses a disponibilidade de animais segue restrita.
Em relação à venda do gado em pé para outros estados e países, o setor frigorífico entende e defende a lei do livre mercado, mas pontua que o Governo pode agir e fazer a diferença na condução dos interesses de sua população usando os mecanismos legais de que dispõe. “Defendemos uma ação rigorosa contra os que utilizam ‘brechas’ legais para usurparem renda do Estado e promoverem desigualdades na competividade do mercado”, completou.
Conforme Só Notícias já informou, na segunda-feira o IMEA informou que boi gordo apresentou nova alta, desta vez de 2,03% no comparativo semanal, e ficou na média de R$ 235,62/@. Já a vaca gorda teve aumento de 2,24%, em relação a semana anterior, e a média ficou em R$ 224,36/@. No mercado de reposição, diante da baixa oferta de animais, os preços continuam em alta. A média do bezerro de ano ficou cotada em R$ 2.075,15/cabeça, com acréscimo semanal de 4,24% na semana passada.