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Não foi bem recebida pelos representantes do agronegócio a possibilidade, levantada por um grupo de deputados estaduais, de destinar parte do que é arrecadado pelo Fundo Estadual de Transporte e Habitação (Fethab) para o pagamento das dívidas da Saúde. Além de considerarem a hipótese uma tentativa de ressuscitar algo que já está encerrado, os integrantes do setor produtivo apontam que a medida, nem mesmo em caráter emergencial, conseguiria resolver a situação.
O presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado de Mato Grosso (Aprosoja), Endrigo Dalcin, destaca que o setor vê com tristeza a movimentação dos parlamentares. “Nós não conseguimos avançar muito nestes últimos anos na infraestrutura. Ainda vemos fotos de estradas totalmente degradadas, produtores com problemas de retirada de safra e acesso a cidades pela falta de infraestrutura, coisas que motivaram os produtores a toparem contribuir mais para o Fethab”.
Dalcin ressalta que os recursos que eventualmente seriam retirados do fundo não resolveriam o problema da Saúde de Mato Grosso. “Vemos com muito repúdio alguns deputados encamparem isso. Este recurso não vai resolver o problema da Saúde. O Estado precisa fazer as reformas administrativa, previdenciária, tributária e cortar gastos. Essa medida defendida não resolve. A Saúde é um setor que demanda muitos recursos e não é o Fethab que vai resolver”.
Já para o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), Normando Corral, embora os investimentos em Saúde sejam necessários, não é essa a finalidade do Fethab. “Em primeiro lugar, temos que ver se a proposta não se configura em um desvio de finalidade. A criação da lei do Fethab dá a ele um destino que não era esse. Não há dúvida que tratar a Saúde é necessário, mas há outros recursos que não esse, que não foi arrecadado para este fim”.
O produtor rural Rui Prado explica que a cobrança do Fethab, que dobrou sua arrecadação após uma intensa negociação entre Estado e entidades do agronegócio, gera dificuldade aos produtores, que enxergam como único estímulo o fato dos recursos serem aplicados na manutenção e conservação de estradas. “Falar em pegar uma fatia do Fethab para a Saúde é retornar com algo que está superado, houve um acordo inclusive com os deputados”.
Para Prado, não há mais espaço para que se repitam casos verificados, sobretudo em gestões passadas, quando o Fethab era usado até para o pagamento de salários. “As pessoas têm que pensar que o Fethab é um instrumento que ajuda a trazer mais recursos para o Estado, porque melhora a nossa infraestrutura. Com uma infraestrutura melhor, podemos atrair mais investimentos e, de quebra, mais recursos”.
Fonte: A Gazeta (foto: Isa Sousa/arquivo)