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Setor de transportes de grãos em Mato Grosso teme déficit em 2018

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O setor de transporte rodoviário de cargas em Mato Grosso vive uma das mais graves crises da história. O excesso de veículos tem pressionado a queda no preço do frete pago ao caminhoneiro, principalmente, pelo transporte de grãos. Entre 2011 e 2016, a frota de caminhões aumentou 26,7% no Estado, passando de 53,292 mil para 67,529 mil veículos, conforme dados do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran). A política de liberação de crédito entre 2012 e 2014 criou uma bolha que estourou a partir do 2º semestre de 2014, criando uma crise que vai ser agravada ainda em 2018, quando a desistência da atividade por parte de muitos motoristas deverá provocar um deficit no transporte de grãos no Estado e no Brasil.

Líder do Movimento dos Transportadores de Grãos em Mato Grosso (MTG/MT), Gilson Baitaca, avalia que o excesso de caminhões provocou a queda no valor do frete. “O setor ficou refém da situação já que o preço é negociado com as exportadoras de commodities. Só que o Fisco na hora de recolher o imposto (ICMS) tem uma tabela de preço mínimo, na qual presume quanto deve ser cobrado sobre a tonelada por trecho percorrido, mas o preço contratado pelas tradings fica abaixo do valor mínimo presumido para a dedução fiscal, o que significa um recolhimento de imposto acima do usual”.

A problemática tem provocado uma série de manifestações desde 2015, quando ocorreu a histórica greve dos caminhoneiros que durou mais de 1 mês. O presidente da Associação dos Transportadores de Cargas de Mato Grosso (ATC/MT), Miguel Mendes, aponta que o problema da bolha do transporte rodoviário se agrava com o fato de que 60% dos caminhões que trabalham no escoamento da safra mato-grossense são de outras unidades da Federação, que também tiveram frotas aumentadas.

“Também houve crescimento na participação do modal ferroviário em Rondonópolis e o hidroviário por intermédio do terminal de Miritituba, no Pará. Outro fator preponderante foi a decisão de inúmeros transportadores em optar por comprar caminhões com capacidade de carga maior, trocando o famoso bitrem com capacidade de carga para 36 toneladas pelos rodotrens, com capacidade de transportar 50 toneladas. Tudo isso colaborou para que houvesse uma oferta enorme de veículos diante de uma demanda reduzida por parte dos contratantes, devido às quebras de safra”.

Miguel Mendes diz que todos os conjuntos de fatores relacionados a partir da liberação de crédito com juros subsidiados, realizada pela ex-presidente Dilma Rousseff (PT) entre 2012 e 2014, fez com que os transportadores (pequeno, médio ou grande) perdessem totalmente o poder de negociação com quem os contrata, sendo obrigados a aceitar tarifas de fretes que mal cobrem os custos da viagem.

Entre 2011 e 2016, a frota de caminhões no Brasil aumentou 17,71%, passando de 2,274 milhões para 2,677 milhões de veículos. A expansão ocorreu a partir do programa Pró-caminhoneiro, que era administrado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), cujos os juros subsidiados giravam em 2,5% ao ano, enquanto os juros do mercado estavam em 14% ao ano.

Fonte: A Gazeta

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