Com o preço da arroba do boi estagnada nos últimos três anos e os custos de produção em constante reajuste, pecuaristas de Mato Grosso enfrentam a pior crise e são contra uma nova taxação ao setor. Ao todo, são cerca de 100 mil pecuaristas no Estado, que têm o maior rebanho do país, 30 milhões de animais, porém, 75% destinados ao mercado interno, que está enfraquecido.
O tema foi discutido durante audiência pública, na Assembleia Legislativa, como proposta do deputado estadual Wilson Santos no enfrentamento à crise do governo estadual. Mas, para o presidente da Associação dos Criadores Nelore de Mato Grosso, Mario Candia, que também representava a Acrimat, o setor já vem contribuindo com várias taxas, entre elas, Fabov, Fesa, Fethab 1 e 2 e suporta uma alta carga tributária. “Vamos esperar a avaliação dos outros setores agro, mas nós, da pecuária, não temos como taxar mais a nossa carne. Já vivemos um momento muito difícil, em que a nossa margem está negativa ou muito próxima disso. Veja bem, enquanto o consumo interno da proteína da carne bovina caiu, todos as despesas aumentaram, como insumos, mão de obra, sal mineral, ração, arame e diesel. Além disso, temos que investir em melhores tecnologias e reforma de pasto. Diante deste cenário, esperamos bom senso de todos os envolvidos nessa discussão”, frisou Candia.
Conforme o superintendente do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), Daniel Latorraca, a comparação feita pelo parlamentar (Wilson Santos) com o estado vizinho, Mato Grosso Sul, deixa em grande desvantagem principalmente o pecuarista, pois as realidades são bastante distintas. Enquanto a arroba em Mato Grosso estagnou em R$ 135 reais, o custo do abate de uma cabeça de boi chegou neste ano a R$ 42 em taxas pagas pelo produtor. Já os sul-mato-grossenses pagam R$ 17/cabeça, ou seja, 151% a menos.
“Infelizmente o PIB (produto interno bruto) decresceu no Brasil e em Mato Grosso, o que gerou muita dificuldade aos pecuaristas. Para 2019, com um novo governo, é esperada uma retomada do mercado interno, a alta da arroba boi e a manutenção dólar em patamar elevado, o que pode ajudar na exportação, claro, aliada à abertura novos mercados. Uma nova taxa não cabe aqui, é preciso compreender que nos últimos anos o setor da pecuária enfrentou não só com a crise econômica e política, também passou por várias operações (Carne Fraca), que trouxeram impactos muito negativos”, acrescentou Latorraca.
O Fórum Agro MT apresentou durante a audiência pública dados que demonstram a evolução econômica do agronegócio, custos de produção e os impactos negativos que novas taxações podem gerar para o desenvolvimento do estado, entre eles, na geração de emprego e renda. No ano passado, por exemplo, o agro respondeu por 33% da participação dos empregos gerados no estado, segundo dados do Ministério do Trabalho e Emprego.
“Onde tem agro tem emprego e renda circulando. Não viemos aqui para o embate, mas sim para o debate. O agro já é taxado e essa taxação é alta não pelo valor que é pago, mas pelo retorno em serviços que temos direito. Essa é a discussão que tem que ser feita”, argumentou Normando Corral, presidente do Sistema Famato.
Além de lideranças políticas participaram do debate produtores rurais de vários municípios e dirigentes das entidades que fazem parte do Fórum Agro MT (Famato, Aprosoja, Ampa, Acrimat, Acrismat, ACNMT e Aprosmat).