Os preços da soja negociados na Bolsa de Chicago fecharam a sessão desta quinta-feira com estabilidade mais uma vez. O mercado, durante todo o dia, operou com movimentações bem limitadas e de forma técnica. Como explicam analistas internacionais, o mercado da oleaginosa na CBOT permanece respeitando seus patamares de suporte e resistência na espera de novas informações.
Entre as posições mais negociadas, as baixas foram de 0,25 a 4,25 pontos, levando o julho/17 a US$ 9,74 por bushel, e o setembro/17 a US$ 9,67. Já o novembro/17, referência para a safra americana, encerrou o pregão cotado a US$ 9,71.
As baixas mais expressivas puderam ser observadas nas posições mais distantes, uma vez que as condições para as próximas semanas no Meio-Oeste americano deverão ser mais favoráveis ao desenvolvimento dos trabalhos de campo, como as previsões vinham sinalizando.
“O clima que vigora nos campos do Meio Oeste segue como vetor principal para a formação do preço. As projeções indicam melhora das condições a partir do oeste da região”, explica o economista e analista de mercado Camilo Motter, da Granoeste Corretora de Cereais. E confirmado, esse cenário começa a amenizar as preocupações com possíveis atrasos no plantio da soja nos EUA. Até o último domingo (30), 10% da área já havia sido semeada. O percentual atualizado sai na próxima segunda-feira, no boletim semanal do USDA.
E na sequência, na quarta-feira (10), o Departameto de Agricultura dos Estados Unidos traz ainda seu reporte mensal de oferta e demanda com as primeiras projeções oficiais para a safra 2017/18. A espera pelos números, como tradicionalmente acontece, mantém os traders na defensiva e buscando um posicionamento antes da divulgação.
Ainda sobre números do USDA, o relatório semanal de vendas para exportação desta quinta-feira chegou com novos bons números para a soja – em mais de 300 mil toneladas somente da safra velha – elevando o total comprometido pelo país a mais de 56,6 milhões de toneladas, contra a última projeção do USDA de 55,11 milhões de toneladas para todo este ano comercial.
“Trata-se de disponibilidade. Ainda temos soja para vender, chineses, mexicanos, para quem quiser comprar. Os problemas logísticos já passaram, fazem parte do passado. Nossos preços estão muito competitivos também, temos espaço nos portos para embarcar”, explica o vice-presidente da Price Futures Group, Jack Scoville sobre essa demanda ainda intensa pelo produto norte-americano.
Preços no Brasil
No Brasil, por outro lado, os preços da soja subiram de forma bastante expressiva. “Acredito que seja um bom momento para os produtores venderem um pouquinho e aproveitar esses níveis”, diz Scoville.
No interior do país, as principais praças de comercialização registraram ganhos de 0,86% a 2,33%. Em Itiquira/MT, por exemplo, a referência foi a R$ 58,00 por saca, ou a R$ 59,60 em Alto Garças/MT. Nos portos, os indicativos para junho/17 conseguiram encerrar o dia acima dos R$ 70,00 por saca, com R$ 70,50 em Paranaguá e alta de 1,44% e com R$ 70,60 em Rio Grande, subindo 1,15%. Em Santos, o disponível em R$ 69,30 por saca.
Parte do estímulo para os preços veio ainda do dólar. Nesta quinta, a divisa acompanhou a preocupação sobre o futuro da reforma da Previdência e mais o quadro exterior, fechando com alta de 0,77% e cotado a R$ 3,1827. O valor de fechamento é, segundo a Reuters, o maior desde o último 9 de março. Na máxima do dia, a moeda americana foi a R$ 3,1961.
“O texto (da reforma) passou, mas o governo teve que negociar muito para chegar onde chegou, fez muitas concessões. Há preocupação agora com o que vai ter que ceder para conseguir aprovar em plenário”, comentou a diretora de câmbio da AGK Corretora, Miriam Tavares à agência de notícias.